Suíça/Human Rights Watch denuncia as condições de detenção dos migrantes nos Estados Unidos
Bissau, 22 Jul 25 (ANG) - A ONG Human Rights Watch teceu, num relatório publicado segunda-fera, um alerta sobre as "práticas abusivas" dos Estados Unidos em centros de detenção para migrantes situados na Flórida, no sul do país, desde o regresso ao poder de Donald Trump, que fez da luta contra a imigração uma das suas prioridades.
"Devíamos comer como
cães" é o desabafo de um dos migrantes detidos e também o título do
relatório publicado ontem pela Human Rights Watch, um documento em que a ONG de
defesa dos Direitos Humanos dá conta de celas superlotadas, mergulhadas num frio
glacial, e migrantes que dormem no chão debaixo de luzes continuamente acesas,
privados de higiene básica, em três centros de detenção todos situados na
Flórida: o Krome North Service Processing Center, o Broward Transitional Center
e o Centro de Detenção Federal de Miami.
Neste relatório baseado nos testemunhos de oito homens e três
mulheres que lá estiveram ou estão ainda em detenção, bem como de familiares de
sete migrantes e de 14 advogados especializados, a Human Rights Watch detalha
condições de detenção qualificadas de "degradantes e desumanizantes" que
constituem "uma
violação flagrante das normas internacionais de Direitos Humanos".
"Havia apenas uma sanita e estava coberta de excrementos", diz uma antiga detida ao descrever a cela onde permaneceu
juntamente com dezenas de outras mulheres, sem cama ou privacidade. "Era preciso inclinar-se e comer com a
boca, como os cães",
conta por sua vez um homem que foi forçado a comer com as mãos algemadas nas
costas.
De acordo com outros testemunhos igualmente citados no
relatório, as celas eram mantidas deliberadamente frias, os detidos eram
tratados "como lixo" pelos
guardas prisionais e ninguém podia queixar-se sob pena de ser colocado no
isolamento durante duas semanas.
Para além disto, a Human Rights Watch refere igualmente que os
presos são privados de tratamento médico, mesmo que sofram de doenças crónicas
como diabetes, asma ou problemas renais, esta entidade indicando que esta
situação "poderia estar na origem de duas
mortes" nos
três centros de detenção mencionados.
Estas denúncias surgem numa altura em que os Estados Unidos, em
particular a Califórnia, acabam de ser abalados por uma onda de protestos
contra as condições de detenção dos migrantes severamente reprimida.
Donald Trump colocou a luta contra a imigração na dianteira das
suas prioridades, tendo feito aprovar pelo Congresso um orçamento dedicando 45
biliões de Dólares para a criação de 100 mil lugares em centros de detenção
para migrantes.
Segundo a Human Rights Watch, a média diária de migrantes
detidos nos Estados Unidos passou de um pouco mais de 37 mil no ano passado
para mais de 56 mil nos primeiros seis meses de 2025, sendo que um dos centros
citados pela organização chegou ultimamente a acolher três vezes mais presos do
que a sua capacidade máxima. ANG/RFI

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