AG ONU/Líderes africanos pedem "ações ousadas" para se enfrentar crise sanitária
Bissau, 26 set 25(ANG) - Líderes africanos
reuniram-se hoje, nos EUA, à margem da 80.ª Assembleia Geral das ONU e
alertaram para as crescentes ameaças à segurança sanitária global, adiantou a
Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA).
Segundo o comunicado da ALMA (na sigla em inglês), o evento - sob o tema "Unidos para a segurança sanitária global" -, reuniu a Rede de Líderes Globais para a saúde das mulheres, crianças e adolescentes, liderada pelo chefe de Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e a ALMA, que tem à frente o Presidente do Botsuana, Duma Gideon Boko.
Segundo a ALMA, "os líderes apelaram a compromissos financeiros urgentes, parcerias mais fortes e ações ousadas e conjuntas para proteger os mais vulneráveis do mundo, incluindo mulheres, crianças e adolescentes, de doenças preveníveis como a malária".
"A luta contra
a malária está a tornar-se cada vez mais complexa", afirmou Boko,
acrescentando que "orçamentos reduzidos, a crescente resistência
biológica, as crises humanitárias e o impacto das alterações climáticas estão a
contribuir para a criação duma tempestade perfeita de desafios."
No mesmo
comunicado, os líderes africanos avisam que "os programas que salvam vidas
correm o risco de entrar em colapso devido à falta de financiamento urgente e
sustentado".
Só entre 2021 e
2025, a Assistência Oficial ao Desenvolvimento (AOD) para a saúde em África
caiu cerca de 70%, mesmo com o aumento das disparidades de equidade, conflitos
e deslocações, que aumentaram tanto as necessidades como a vulnerabilidade,
refere a ALMA.
"Programas
essenciais para eliminar a malária foram comprometidos. O que deixa milhões de
pessoas sem tratamentos e destrói décadas do progresso alcançado até o
momento", apontou Cyril Ramaphosa.
Na mesma ocasião,
os líderes africanos reiteraram o apoio à próxima 8.ª reposição do Fundo Global
para o Combate à SIDA, Tuberculose e Malária, que visa angariar 18 mil milhões
de dólares (15,43 mil milhões de euros) no congresso de novembro.
Segundo o
comunicado, o Fundo Global, criado em 2002, tem sido essencial para o progresso
na luta contra as três doenças, o que já salvou mais de 70 milhões de vidas.
Os líderes
salientaram que a próxima reposição é crucial, não só para manter o ritmo, mas
também para evitar a reversão das conquistas arduamente conquistadas num
momento em que se verificam ameaças cada vez maiores.
"Apelo a todos
os países e doadores para que invistam ousadamente na reposição do Fundo
Global. Se todos nos unirmos, salvaremos 23 milhões de vidas da malária, Sida e
tuberculose, e ao mesmo tempo fortaleceremos os nossos sistemas de saúde",
afirmou o presidente da ALMA.
"O futuro do
financiamento da saúde em África está nas nossas mãos. É encorajador constatar
que, em todo o continente, a mudança já está em curso", disse, por outro
lado, o Presidente do Quénia, William Ruto.
Segundo a ALMA,
através de iniciativas para a eliminação da malária, "os países estão a
adotar abordagens inovadoras de financiamento para aumentar o conjunto de
recursos para a malária, com 11 países africanos a mobilizarem mais de 166
milhões de dólares (142,28 milhões de euros)".
Os líderes
africanos pediram, ainda, à Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)
do Banco Mundial a criação de um segundo Programa de Reforço da Malária.
Já a CEO da GAVI
(Aliança para as Vacinas), Sania Nishtar, afirmou que acreditam firmemente
"que os países, e não as instituições mundiais de saúde, devem estar no
centro da saúde global".
Por último, os
líderes solicitaram o estabelecimento de um Acelerador de Saúde com Parceria
Público-Privada para responder ao declínio do financiamento tradicional.ANG/Lusa

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