Bélgica/Comissão Europeia propõe na 4.ª feira suspensão de acordo UE-Israel
Bissau, 16 Set 25(ANG) – A Comissão Europeia vai propor quarta-feira a suspensão parcial do acordo de associação entre União Europeia e Israel em questões comerciais, anunciou hoje a chefe da diplomacia comunitária, esperando que este “elevado custo” pare a ofensiva em Gaza.
“Vamos
apresentar amanhã [quarta-feira] diferentes propostas para o Conselho
[Estados-membros] para aumentar a pressão sobre o governo israelita e forçá-lo
a mudar de rumo porque o que está a acontecer é realmente insustentável”,
anunciou a Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios
Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa
em Bruxelas.
No dia
em que o exército israelita confirmou ter tropas no interior da cidade de Gaza,
Kaja Kallas salientou que a proposta de suspensão parcial do acordo de
associação da UE com Israel em questões comerciais “teria um custo financeiro
muito pesado” para Telavive, estando em causa a cessação das disposições
comerciais do acordo, nomeadamente a revogação do princípio da nação mais
favorecida para alguns produtos.
Em cima
da mesa têm vindo a estar também sanções contra colonos violentos, mas haverá
uma nova proposta também na quarta-feira para os abranger, juntamente com
ministros extremistas, com a responsável a admitir bloqueios às propostas por
parte dos países europeus reunidos no Conselho.
A UE é
o maior parceiro comercial de Israel, representando 32% do comércio total de
mercadorias de Israel, e os dois blocos têm as relações regidas por um acordo
de associação datado de 2000.
“Não
vejo um verdadeiro movimento do lado do Conselho porque os Estados-membros
continuam com posições diferentes” sobre o conflito, admitiu, porém, a chefe da
diplomacia da UE nesta entrevista à Lusa, cuja segunda parte será divulgada na
quarta-feira.
E
exemplificou: “Mesmo nas matérias em que precisamos de maioria qualificada
[como comércio] ou conseguimos que alguns grandes Estados-membros mudem ou
precisamos que todos os pequenos mudem”.
Estas
propostas serão discutidas na reunião do colégio de comissários da Comissão
Europeia de quarta-feira, após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von
der Leyen, as ter anunciado na semana passada.
No
discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária na cidade francesa de
Estrasburgo, Ursula von der Leyen defendeu que a fome provocada por Israel em
Gaza “não pode ser uma arma de guerra” e “tem de acabar”, divulgando medidas
para aumentar a pressão sobre Telavive.
Depois
de ter sido bastante criticada pelo silêncio sobre Gaza e por ser próxima de
Israel, a responsável alemã anunciou a suspensão parcial do Acordo de
Associação da UE com Telavive no que diz respeito a questões comerciais, a
introdução de sanções contra os ministros extremistas e os colonos violentos, a
suspensão do apoio bilateral e a interrupção dos pagamentos sem afetar o
trabalho com a sociedade civil.
Pendente
no Conselho da UE, por falta de consenso entre os Estados-membros, está a
proposta da Comissão Europeia para suspender partes do financiamento a Israel
no âmbito do projeto Horizonte Europa.
Depois
de ter estado sete vezes no Médio Oriente, mais do que noutro território desde
que iniciou funções em dezembro passado, a chefe da diplomacia da UE vai voltar
à região (Síria, Líbano e outros países) em Novembro.
Sobre a
ajuda humanitária em Gaza, Kaja Kallas apontou melhorias: “Antes de julho, eram
zero camiões e depois de julho foram milhares”.
Ainda
assim, “menos do que o que tinha sido acordado”, concluiu a chefe da diplomacia
da UE, defendendo que se mantenham “canais abertos para realmente pressionar o
governo israelita a fazer mais para ajudar as pessoas no terreno e para
melhorar a situação”.
A
posição surge quando se assinalam quase dois anos de guerra na Faixa de Gaza. ANG/Inforpress/Lusa

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