Política/"Não é na Secretaria que se vai
fazer o jogo democrático", afirma DSP em entrevista à RFI
Bissau, 25 set 25(ANG)
- O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou, nesta terça-feira, o pedido de
inscrição da coligação PAI-Terra Ranka para concorrer às eleições gerais de 23
de Novembro.
O supremo alegou que
lhe era "impossível apreciar no prazo legal" a candidatura da coligação
encabeçada pelo PAIGC, juntamente com o Movimento Democrático Guineense (MDG),
o Partido da Convergência Democrática (PCD), Partido Social Democrata (PSD) e a
União Para a Mudança (UM), Ao apontar uma entrega "tardia" da documentação desta coligação,
o Supremo Tribunal argumentou que "a legislação exige que as coligações devem ser inscritas antes da
apresentação oficial das candidaturas", que "tem 24 horas para apreciar o pedido" e
que no caso de "haver irregularidades, estas deviam ser supridas em até 72 horas".
Daí que, segundo este órgão, corria-se o risco de ultrapassar o limite para
entrega das candidaturas, que termina nesta quinta-feira 25 de Setembro.
No seu acórdão, o Supremo Tribunal menciona que desde 29 de Agosto, os seus
serviços bem como a CNE tinham informado todos os partidos sobre os prazos
estipulados para a apresentação das coligações e candidaturas. Ao referir que o
PAI-Terra Ranka formalizou o seu pedido menos de uma semana antes do
prazo-limite para a apresentação das candidaturas, o Supremo disse que isto "dificultava qualquer correcção dentro do
prazo legal".
Este posicionamento que chegou segunda-feira ao conhecimento do PAI-Terra
Ranka não deixou de suscitar uma reacção de incompreensão por parte do seu
candidato presidencial, Domingos Simões Pereira, que assegura ter formalizado a
candidatura da coligação no passado dia 19 de Setembro.
"Nós próprios ainda estamos a tentar perceber. Ou
é um terrível mal-entendido ou realmente o absurdo passou a ser a normalidade
neste país. Ou seja, todos sabemos dessa orientação dada no sentido de tentar
criar barreiras à minha candidatura às eleições presidenciais e à candidatura
da coligação PAI-Terra Ranka. Mas, tendo reunido todos os elementos, nós
estávamos muito expectantes em perceber de que lado é que viria qualquer
tentativa de obstaculizar a nossa participação. Nenhum de nós podia ter
imaginado que se iria invocar a questão do prazo. Ou seja, está claramente
estabelecido que o prazo para entrega dos documentos é o dia 25 de Setembro,
portanto, amanhã. Nós demos entrada à documentação que formaliza a coligação
nos mesmos termos em que aconteceu em 2023 e que foi aprovado. Para nossa
estupefacção, ontem os advogados ligaram-nos a dizer que receberam uma
notificação em como o documento que eles receberam, a alegação é de que, tendo
dado entrada no dia 19, o Supremo precisaria de quatro dias para a sua análise
e para a resposta. Eles consideram que nós estamos a violar o prazo. Nós não
entendemos nada. Não dá para perceber", diz o candidato presidencial e líder
do PAIGC.
"Aquilo que nós vimos acontecer com a outra
plataforma (que sustenta a candidatura de Umaro Sissoco Embaló) que já tinha
submetido a sua candidatura, houve uma resposta por parte do Supremo.
Curiosamente, aqui também há uma pequena contradição, porque, por um lado, eles
indeferiram a apresentação feita pela coligação Plataforma Republicana. Mesmo
assim, tiveram direito a 72 horas para poder corrigir as insuficiências que
encontraram no dossier. Consta que eles, mesmo assim, não conseguiram suprir
duas das exigências e voltaram a receber 24 horas para esse
efeito. No caso do PAI-Terra Ranka, o documento foi entregue a 19. Ontem
recebemos a notificação de que está indeferido, mas nós pensamos que deve ser
um mal-entendido. Não acreditamos que seja uma posição séria por parte desse
órgão. Os nossos advogados estão a trabalhar. Esperamos que a situação seja
esclarecida nas próximas horas, já que o prazo só termina amanhã", esclareceu.
"Isso é tão estranho porque nós entregamos a
documentação nos mesmos termos de 2023 que nos permitiu concorrer e ganhar com
maioria absoluta", disse ainda o
responsável político. "Temos
uma equipa a trabalhar nisso, a tentar perceber. A verdade é que não têm muitos
elementos com o qual trabalhar. Porque se houvesse a indicação de artigos e de
dispositivos legais que estivessem em falta ou que tivessem sido violados,
estaríamos munidos de elementos através dos quais podíamos tentar trabalhar.
Mas invoca-se prazos, prazos. O que nós sabemos é o dia 25 de Setembro. A
entrada foi feita no dia 19. Não percebemos", desabafou
o candidato presidencial.
"Nós tentamos manter a tranquilidade, mas
queremos assegurar ao povo guineense que ou nós participámos nestas eleições ou
se está a convocar o país para algo de terrível", declarou Domingos
Simões Pereira antes de rematar que "não é na Secretaria, não é por estes
expedientes que se vai fazer o jogo democrático".ANG/RFI

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