Rússia/Kremlin acusa Ucrânia de "abrandar artificialmente" conversações de paz
Bissau, 15 Set 25 (ANG) - O Kremlin acusou hoje a
Ucrânia de "abrandar artificialmente" as conversações de paz e
reiterou que os países europeus estão a "interferir" nas mesmas,
lamentando a falta de atenção às causas da invasão russa iniciada em 2022.
"Do lado de Kyiv, o processo está a
ser artificialmente abrandado. Ninguém quer abordar a essência do conflito. Os
europeus estão a interferir no assunto e não vão prestar atenção às causas
subjacentes da crise, abrindo caminho para a discussão de formas de as
resolver", argumentou o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov.
O porta-voz reiterou que "a Rússia continua aberta e pronta para o diálogo", bem como "interessada e disposta a resolver a crise ucraniana por meios políticos e diplomáticos".
Peskov insistiu que há uma pausa nas negociações, denunciando que "não
há flexibilidade na posição ucraniana e nenhuma disposição por parte do regime
de Kyiv para realmente iniciar discussões sérias".
"Estas reuniões e qualquer contacto ao mais alto nível devem ser bem
preparados para que tal diálogo e os acontecimentos - que devem ocorrer
antecipadamente, a nível de peritos - possam ser concretizados. Nem o regime de
Kyiv nem os europeus estão prontos para isso", concluiu Peskov.
Moscovo tem acusado os países europeus de contribuírem para que o conflito
se arraste com os apoios que dão à Ucrânia.
Recentemente, 26 países concordaram em enviar tropas para a Ucrânia como
parte das garantias de segurança pedidas por Kyiv aos aliados no caso de um
cessar-fogo.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, que assumiu o papel de mediador
entre Moscovo e Kyiv, quer a todo o custo obter um rápido fim da ofensiva
ataque russo em grande escala lançada em 2022.
Mas as posições das duas partes parecem, por enquanto, irreconciliáveis.
A Rússia exige a desmilitarização e a rendição da Ucrânia, bem como a
cessão das regiões ucranianas cuja anexação reivindicou, embora sem as
controlar totalmente.
Por seu lado, Kyiv considera estas condições inaceitáveis e exige garantias
de segurança dos aliados ocidentais, por recear um novo ataque da Rússia, mesmo
que fosse alcançado um acordo de paz.
A Rússia invadiu e anexou a Crimeia em 2014 e, desde a invasão de 2022,
declarou como anexadas as regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.
Moscovo e Kyiv realizaram este ano três rondas de negociações diretas em
Istambul, em maio, junho e julho, nas quais apenas concordaram com a troca de
prisioneiros de guerra e de corpos de soldados.
Quanto ao resto, limitaram-se a apresentar as respetivas posições sobre
qual devia ser a fórmula para resolver o conflito.
O Presidente russo, Vladimir Putin, endureceu ainda mais as posições desde
a cimeira de meados de agosto com Trump no Alasca, após a qual recusou
reunir-se com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Também recusou declarar um cessar-fogo e o envio de tropas ocidentais para
a Ucrânia. ANG/Lusa

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