Médio Oriente/Flotilha Humanitária. Avisos de Governos para parar são "decepcionantes"
Bissau, 01 out 25(ANG) - Governo português e espanhol avisaram os seus cidadãos a bordo da Flotilha Humanitária rumo a Gaza para não saírem de águas internacionais, devido aos riscos que enfrentam. Ativistas lamentam a falta de apoio.
Membros da flotilha humanitária que vai a caminho de Gaza, e que entra hoje numa zona perigosa, lamentam a falta de apoio dos seus respetivos países, no que à sua segurança diz respeito.
A espanhola Sofía Buchó concedeu uma entrevista à TVE,
em que revela que o grupo que segue rumo a Gaza está “bastante organizado e tem
um plano para avançar”.
Este membro da
flotilha humanitária revela que o grupo viveu “um susto” com a aproximação de
um submarino, porém garante que não vão ceder a atos de
"intimidação".
“Foi um grande
susto, porque estava a escassos metros de nós e no momento o nosso sistema de
navegação deixou de funcionar”, conta, referindo que acredita que a flotilha
poderia chegar a Gaza “em algumas horas ou num dia”.
Sobre a mensagem do
Governo espanhol (e não só) que terá recomendado que as embarcações não entrem
na zona de exclusão, Sofía refere que “é lamentável e decepcionante”.
"Há momentos
de tensão, sobretudo na noite em que as nossas camaradas estavam a ser
bombardeadas. Passamos por muito medo, mas o que mais nos assusta é falhar, que
a missão seja interrompida e que não consigamos impedir o genocídio",
concluiu.
A Flotilha Global
Sumud emitiu um alerta esta madrugada a informar que navios não identificados se tinham aproximados de vários dos barcos que compõem o grupo.
"Os
participantes aplicaram protocolos de segurança em preparação para uma
interceção", mas entretanto "as embarcações já abandonaram a
flotilha", acrescentou a organização.
"Continuamos a
navegar para Gaza, aproximando-nos da marca das 120 milhas náuticas [220
quilómetros], perto da zona onde as flotilhas anteriores foram interceptadas
e/ou atacadas", sublinhou a mensagem.
O grupo, composto
por mais de 50 embarcações, já tinha mencionado um "aumento da atividade
de 'drones'" a sobrevoar os barcos e a Marinha israelita também admitiu
estar pronta para intercetar a Flotilha Global Sumud.
Israel tem
reiterado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o
bloqueio imposto ao enclave palestiniano.
O Governo reiterou
na terça-feira o apelo aos ativistas portugueses a bordo da flotilha que
pretende levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza para que se mantenham em águas
internacionais, alertando para "riscos muito sérios".
"Dada a informação disponível sobre a localização atual da flotilha,
fazemos um novo apelo a que não deixem as águas internacionais; sair desse
espaço comporta riscos muito sérios de que estarão decerto cientes", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo
Rangel, à líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, à atriz Sofia Aparício
e ao ativista Miguel Duarte.
"Sem pôr em
causa o respeito pela autonomia individual, deixamos este novo apelo e
recordamos que há disponibilidade efetiva para fazer chegar a ajuda humanitária
que transportam a Gaza através de Chipre", insistiu o Governo.
Esta proposta,
avançada por Itália e que teria a colaboração da Igreja Católica, já foi
rejeitada pelos ativistas, que afirmam querer romper o bloqueio israelita ao
enclave palestiniano.
A Flotilha Global Sumud é considerada a maior flotilha humanitária organizada até ao momento.ANG/Lusa

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