Portugal / Comissão parlamentar aprova
sanção de perda de nacionalidade
Bissau, 24 Out 25 (ANG) - A Comissão Parlamentar de Assuntos
Constitucionais de Portugal aprovou nesta sexta-feira, na especialidade, a
introdução da sanção de perda de nacionalidade no Código Penal.
Esta sanção é aplicável apenas a cidadãos
naturalizados com dupla nacionalidade condenados a pena efectiva de prisão
igual ou superior a quatro anos.
A medida define que só se aplica a factos cometidos nos dez anos seguintes à aquisição da nacionalidade,
depois de o PS ter mudado o seu sentido de voto, viabilizando assim a proposta
do Governo. Inicialmente, o Chega defendia que o prazo fosse de 20 anos e o PS
e o Livre tinham votado contra, mas a abstenção do PS permitiu a aprovação da
alínea.
Durante o debate, o socialista Pedro Delgado Alves criticou a
falta de diálogo do Governo e alertou que a lei cria “situações de discrepância entre cidadãos”, dado que pessoas que pratiquem o
mesmo facto ilícito podem ser abrangidas de forma diferente.
O PSD e o CDS insistiram que a sanção não deve ser automática e
que cada caso deve ser apreciado por um juiz, princípio que o Chega aceitou com
abstenção. O diploma garante ainda que cidadãos exclusivamente portugueses não
serão afectados, evitando ficarem apátridas.
A medida segue agora para o plenário na terça-feira 28 de
Outubro, onde será debatida em detalhe e poderá sofrer alterações antes da
votação final. O futuro da lei continua a gerar tensão política, com confrontos
entre deputados do PS, PSD e Chega sobre constitucionalidade, critérios de
aplicação e impactos sobre os cidadãos naturalizados, mas o Governo considera
que a sanção é necessária para responsabilizar quem comete crimes graves e
possui outra nacionalidade. O primeiro-ministro, Luís Montenegro pediu aos
partidos para pôr de lado as diferenças politicas e trabalhar juntos :
“Eu desejo é que, de facto, a Assembleia da República possa aprofundar
com a a diligência possível a sua reflexão, de maneira a nós poder concluir
também esta modificação que, a par de outras que temos feito no ordenamento
jurídico, nos confiram uma política migratória e uma política, também por via
de assunção da nacionalidade, que possa traduzir aquilo que foi sempre o nosso
princípio”, disse Montenegro.
Acrescentou : “Portugal é um país que acolhe, que acolhe bem, que quer acolher bem,
mas não é um país de portas escancaradas. Tem uma regulação na sua imigração e
que também tem uma exigência na atribuição da nacionalidade aos seus cidadãos.
Não estamos interessados em discutir se o fazemos com o maior apoio,
participação ou colaboração do partido A ou do partido B e muito menos nos
queremos intrometer em algumas atitudes assim mais ciumentas de um e do
outro. Sinceramente as pessoas estão cansadas disso.”ANG/RFI

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