China/Governo ameaça com "medidas sérias" se Japão não retirar declarações sobre Taiwan
Bissau, 19 Nov 25 (ANG) - A China advertiu hoje o Japão de que vai continuar a tomar medidas duras se Tóquio não se retratar dos comentários sobre Taiwan, depois de ter anunciado a suspensão da importação de marisco japonês.
A medida surge numa altura de grande tensão diplomática suscitada por
declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que admitiu em 07 de
novembro, no parlamento, a possibilidade de o Japão intervir militarmente caso
a China atacasse Taiwan.
"Exortamos o
Japão a retirar as declarações erradas, a parar de criar problemas e a tomar
medidas concretas para salvaguardar a base política das relações
bilaterais", afirmou a porta-voz da diplomacia chinesa Mao Ning, citada
pelo jornal The Japan Times.
"Se o Japão se recusar a retirar essas declarações, a China tomará
medidas sérias e todas as consequências serão suportadas pelo lado
japonês", disse Mao, durante uma conferência de imprensa regular em
Pequim.
Mao, que chefia o departamento de informação do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, considerou que os comentários de Takaichi são "uma grave
ingerência nos assuntos internos da China" e minam as normas da
convivência internacional.
O Japão "não pode assumir a responsabilidade de manter a paz e a
segurança internacionais nem tem o direito de ser membro permanente do Conselho
de Segurança das Nações Unidas", afirmou.
Mao repetiu declarações feitas na terça-feira pelo embaixador da China
junto das Nações Unidas, Fu Cong, num debate em Nova Iorque sobre a reforma do
Conselho de Segurança.
Fu referiu-se à vitória da China contra o Japão em 1945, às atrocidades
cometidas pelas forças de ocupação japonesas e às recentes declarações da
primeira-ministra, em funções desde 04 de outubro.
"As observações de Sanae Takaichi sobre Taiwan são extremamente
erróneas e perigosas", disse Fo na terça-feira, segundo a transcrição do
discurso na Assembleia-Geral na página na Internet da embaixada da China na
ONU.
"São uma afronta à justiça internacional, prejudicam a ordem
internacional do pós-guerra, atropelam as normas básicas das relações
internacionais e representam um flagrante desvio do compromisso do Japão com o
desenvolvimento pacífico", afirmou.
Para o representante da China na ONU, "um país assim está totalmente
desqualificado para procurar um assento permanente no Conselho de
Segurança".
O jornal China Daily noticiou hoje que o Governo chinês proibiu a
importação de marisco japonês por o Governo de Tóquio não ter cumprido as
formalidades regulamentares para garantir a qualidade e a segurança dos
produtos.
"Até agora, o Japão não forneceu os materiais técnicos que
prometeu", afirmou Mao Ning, citada pelo jornal.
A diplomata chinesa afirmou, no entanto, que se o Governo não tivesse
tomado a medida, os mariscos importados do Japão não seriam consumidos pelos
chineses devido à indignação provocada pelas declarações da primeira-ministra
japonesa.
"Dada a situação atual, mesmo que os produtos aquáticos japoneses
fossem exportados para a China, não haveria mercado para eles", afirmou
Mao.
A proibição significa um retorno à medida adotada pela China em agosto de
2023, quando o Japão libertou águas residuais tratadas da central nuclear de
Fukushima, segundo o jornal The Japan Times.
Tóquio e Pequim chegaram a um acordo em setembro de 2024 para retomar as
importações, com o Japão a confirmar o primeiro carregamento para a China há
menos de duas semanas, ainda de acordo com o jornal.
O diferendo diplomático já teve também consequências ao nível do turismo,
com os operadores a registarem o cancelamento de centenas de milhares de
viagens da China para o Japão desde as declarações de Takaichi.
A China lançou alertas de segurança para os chineses que viajam para o
Japão e para os jovens que estudam no país.
Uma empresa de entretenimento japonesa anunciou na terça-feira que cancelou
os espetáculos no Festival Internacional de Comédia de Xangai devido a
"circunstâncias inevitáveis", segundo o jornal The Japan Times.ANG/Lusa

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