Faixa de Gaza/Amnistia acusa Israel de "manter genocídio" apesar do cessar-fogo
Bissau, 27 Nov 25 (ANG) - A organização Amnistia Internacional acusou hoje Israel de "continuar o genocídio contra palestinianos na Faixa de Gaza", apesar do cessar-fogo com o movimento islamita Hamas anunciado a 09 de outubro.
Autoridades de Israel continuam a cometer genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza ocupada, infligindo deliberadamente condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física", alegou a organização em comunicado.
A Amnistia Internacional reporta que, desde o anúncio
do cessar-fogo, "pelo menos 327 palestinianos, incluindo 136 crianças,
foram mortos em ataques israelitas", e acusa Israel de manter
"restrições severas" à entrada de ajuda humanitária essencial,
violações que considera em incumprimento com ordens do Tribunal Internacional
de Justiça (TIJ).
A secretária-geral, Agnès Callamard,
afirmou que o cessar-fogo "corre o risco de criar uma ilusão
perigosa" sobre a situação em Gaza.
Segundo a responsável, Israel continua a
limitar a chegada de alimentos, medicamentos, combustível e materiais
necessários para reparar infraestruturas fundamentais, bem como a restringir a
distribuição de ajuda no terreno.
A organização publicou em dezembro de
2024 uma análise jurídica em que concluía que Israel estava a "cometer
genocídio em Gaza", invocando três atos proibidos pela Convenção sobre o
Genocídio: assassinatos, provocação de danos físicos ou mentais graves e
imposição deliberada de condições de vida que poderiam levar à destruição da
população.
A organização acrescentou que a
população de Gaza permanece "retida em menos de metade do
território", em zonas "menos capazes de sustentar a vida", entre
as quais eram continuamente obrigadas a deslocar-se.
Agnès Callamard acusou ainda Israel de
não investigar nem responsabilizar dirigentes políticos por incitações ou atos
relacionados com o que a organização classifica como genocídio, criticando o
que considera ser uma redução recente da pressão internacional.
Entre os exemplos citados estão o
levantamento pelo Governo alemão, de restrições a licenças de exportação de
armas e o cancelamento de uma votação sobre a suspensão do acordo comercial
entre a UE e Israel.
A Amnistia apelou aos Estados para que
mantenham a pressão sobre Israel, suspendam transferências de armas e exijam
acesso para observadores de direitos humanos e jornalistas, defendendo que
"o cessar-fogo não se deve tornar uma cortina de fumo" sobre a
situação em Gaza.
O cessar-fogo, iniciado no dia 10 de
outubro, tinha como objetivo pôr fim a dois anos de guerra no Médio Oriente,
desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual
1.200 pessoas foram mortas e mais de duas centenas raptadas.
Em dois anos de guerra, mais de 69.000
palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza, segundo dados confirmados pela
ONU.ANG/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário