Portugal/ Embaló culpa Portugal por golpe de Estado na Guiné-Bissau
Bissau, 28 Nov 25 (ANG) - O presidente deposto , Umaro Sissoco Embaló, afirmou em entrevista a um canal africano que lamenta que Portugal tenha um comportamento hostil, sempre que o seu líder se chame "Mamadou, Omar ou Ibrahim".
O presidente destituído da Guiné-Bissau
afirmou, em entrevista ao canal 1Africa TV, que Portugal tem culpa no golpe de
Estado ocorrido esta quarta-feira.
Umaro Sissoco Embaló, que aterrou na
quinta-feira à noite ao Dakar num avião fretado pelo Governo do Senegal,
acusou Portugal de um comportamento hostil.
"Sempre que há um
presidente muçulmano na Guiné-Bissau, Portugal é muito hostil", acusou, num momento que é possível ver num excerto da
entrevista partilhada no Facebook do canal africano.
Embaló lamenta, na
mesma entrevista, esta hostilidade, dando conta que "60% da
população" do seu país é muçulmana, mas reforça que sempre que o
presidente do país se chama "Mamadou,
Omar ou Ibrahim", as relações com o nosso país alteram-se.
As suas declarações
contradizem com aquela que foi mensagem transmitida por Marcelo Rebelo de Sousa
que afirmou anteriormente ter entrado em contacto o seu homólogo guineense, que
lhe disse estar bem de saúde e teve uma "reação agradecida, positiva e
simpática".
As últimas horas na
Guiné-Bissau foram marcadas por críticas, que sublinham a inação por parte da
CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), mas também de Portugal, da
CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e da própria
União Africana (UA).
Tanto a CPLP, como
a CEDEAO, marcaram de imediato reuniões de emergência para debater os últimos
acontecimentos e tomar uma posição e o presidente da missão de observação
eleitoral da União Africana (UA) na Guiné-Bissau, o ex-presidente moçambicano
Filipe Nyusi, disse que o ambiente no país estava calmo, mas com "alguma
timidez na movimentação da população".
Por seu lado a
União Europeia disse estar a acompanhar "com preocupação os
desenvolvimentos na Guiné-Bissau", e pediu o "regresso célere à ordem
constitucional" do país e contenção para evitar mais violência.
A entrevista surge
depois um grupo de militares ter anunciado na quarta-feira ter tomado o poder
na Guiné-Bissau e deposto o presidente, antecipando-se à divulgação dos
resultados das eleições gerais de 23 de novembro.
Os militares
anunciaram a destituição do presidente, Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o
processo eleitoral, os órgãos de comunicação social e impuseram um recolher
obrigatório, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de
23 de novembro.
A ação dos
militares visou, segundo descrevem, estancar "uma ameaça crescente que
podia por em causa a democracia e a estabilidade política do Estado
guineense", explicou, referindo-se a "uma ameaça portadora de
ingerência do Estado, de desordem pública e da própria desintegração das
instituições do Estado de direito democrático, ameaça essa que era preciso
prevenir e travar".
Este foi o 10.º
golpe de Estado no continente africano desde 2020. Os governos da
Guiné-Conacri, do Sudão, do Níger, do Gabão e de Madagáscar sofreram um golpe
de Estado nos últimos cinco anos, enquanto os do Mali e do Burkina Faso tiveram
esse desfecho por duas vezes.ANG/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário