Suíça/OMS alerta que cortes no financiamento comprometem combate ao VIH
Bissau, 01 Dez 25 (ANG) - A
Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que os cortes do financiamento
internacional estão a comprometer a prevenção e tratamento do VIH, fazendo com
que a resposta ao vírus esteja numa encruzilhada, após décadas de progresso.
"Enfrentamos desafios significativos, com cortes no financiamento internacional e a estagnação da prevenção", salientou o diretor-geral da organização das Nações Unidas, Tedros Ghebreyesus, num comunicado para assinalar o Dia Mundial da Luta Contra a Sida.
Segundo a OMS, as reduções
"drásticas e repentinas" no financiamento de doadores internacionais
durante este ano levaram a que programas essenciais, como a profilaxia
pré-exposição (PrEP) e a redução de danos para as pessoas que injetam drogas, fossem
reduzidos ou totalmente encerrados em alguns países.
"Após décadas
de progresso, a resposta ao VIH [vírus da imunodeficiência humana que ataca o
sistema imunitário e causa a Sida] encontra-se numa encruzilhada", com os
esforços de prevenção a estagnarem em 2024, com 1,3 milhões de novas infeções,
"impactando desproporcionalmente as populações-chave e vulneráveis",
alertou a organização com sede em Genebra.
A nível global, a
OMS estima que 40,8 milhões de pessoas viviam com VIH e 630 mil pessoas
morreram por causas relacionadas com a infeção.
Embora a dimensão
total do impacto dos cortes na ajuda externa ainda esteja a ser avaliada, a
organização acredita que o acesso à PrEP tenha "diminuído
drasticamente".
Adiantou que, uma
estimativa de outubro deste ano, indica que 2,5 milhões de pessoas que
utilizaram a PrEP em 2024 tenham perdido o acesso aos seus medicamentos devido
exclusivamente a cortes no financiamento dos doadores.
"Estas
interrupções podem ter consequências de longo alcance para a resposta global ao
VIH, comprometendo os esforços para acabar com a SIDA até 2030", avisou a
OMS.
No comunicado hoje
divulgado, a OMS apelou ainda aos governos e parceiros para alargarem
rapidamente o acesso a novas terapias aprovadas, como o lenacapavir (LEN), com
o objetivo de reduzir as infeções e combater a perturbação dos serviços de
saúde essenciais causada pelos cortes na ajuda externa.
Segundo referiu, o
LEN, aprovado recentemente, constitui uma alternativa de prevenção altamente
eficaz e de longa duração aos comprimidos orais e outras opções terapêuticas.
Em Portugal,
segundo um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado recentemente, foram
registados o ano passado 997 casos de infeção por VIH, menos que em 2023, mas
mais de metade (53,9%) dos diagnósticos ocorreram tardiamente, sobretudo em
pessoas com 50 ou mais anos. ANG/Lusa

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