África do Sul/Cimeira do G20 : Desafios
geopolíticos e ausência dos EUA
Bissau, 20 fev 25 (ANG) – A África do Sul recebe até
sábado, 22 de Fevereiro, a reun
ião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do
G20, uma cimeira que se realiza pela primeira vez no continente africano sob a
presidência rotativa da África do Sul.
Contudo, a cimeira fica marcada
pela ausência do chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, que decidiu
boicotar o encontro, em protesto às posições da África do Sul sobre questões
como a expropriação de terras e a acusação de genocídio contra Israel.
A cimeira decorre num
momento de instabilidade geopolítica, com um clima de tensão alimentado pelas
declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A sua política de
ameaças de taxas alfandegárias e decisões controversas, como a proposta de
deslocar à força a população da Faixa de Gaza, está a aumentar as divisões. A
África do Sul, por sua vez, tem adoptado uma postura independente, alinhando-se
com outras potências, como a Rússia, em questões como o conflito na Ucrânia e
conflitos regionais.
A ausência
do chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, que justificou a
sua decisão por considerar que a África do Sul está a agir de forma "muito
errada", nomeadamente ao apresentar uma queixa contra Israel no
Tribunal Internacional de Justiça, agravou as tensões diplomáticas entre os
dois países. A ausência dos EUA será o “elefante na sala” durante
a cimeira, e pode ser vista como uma tentativa de enfraquecer a agenda de
desenvolvimento proposta pela África do Sul, que quer apostar numa maior
solidariedade, especialmente entre países em desenvolvimento.
A África do Sul, ao assumir
pela primeira vez a presidência do G20, procurava um espaço para discutir
questões como a inclusão social, a equidade, a sustentabilidade e as políticas
de desenvolvimento, com um foco nas necessidades do continente africano. Esta
presidência tinha como objectivo destacar a importância de uma economia mais
inclusiva e de um esforço colectivo para combater as consequências das
alterações climáticas, como a escassez de recursos e os desastres naturais, que
afectam desproporcionalmente os países em desenvolvimento.
O boicote de Marco
Rubio levanta questões sobre o futuro da diplomacia mundial, num contexto em
que se criam reagrupamentos de blocos geopolíticos, com alianças emergentes a
desafiar as estruturas tradicionais de poder, como o G7 e o próprio G20. Uma
divisão que pode travar o desenvolvimento de algumas questões chave, como o
combate às desigualdades , o financiamento do desenvolvimento e a resposta às
mudanças climáticas entre os membros do G20.
Entre os
participantes esperados para a reunião, está o ministro dos Negócios
Estrangeiros da China, Wang Yi, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia,
Serguei Lavrov, e a Alta Representante da União Europeia para os Negócios
Estrangeiros, Kaja Kallas.ANG/RFI