Angola/ deputados da bancada
parlamentar da UNITA detidos pela Polícia Nacional
Bissau, 18 Fev 25 (ANG) – Em Angola dois deputados da UNITA, Francisco Falua e
João Kipipa Dias, foram no domingo, na província do Cuanza Norte, detidos e
molestados por largas horas pela Polícia Nacional (PNA), quando se preparavam
para participar numa marcha contra uma vaga de mortes de camponeses.
A Polícia Nacional já reagiu, alegando que os
manifestantes se insurgiram contra os agentes em serviço, bloqueando a Estrada
Nacional nº 230 da referida província.
Os agentes da Polícia Nacional angolana na província do Cuanza
Norte impediram domingo uma marcha em
repúdio às mortes de camponeses que se têm registado há um ano naquela região e
detiveram vários cidadãos que se tinham ali concentrado com esse objectivo.
Entre os detidos encontravam-se os deputados do grupo
parlamentar da UNITA, Fernando Falua e João Kipipa Dias, que horas depois foram
libertados.
Em comunicado a Polícia Nacional informa que dispersou a
manifestação por os jovens protagonizarem actos de arruaça e desordem pública,
bloqueando a Estrada Nacional n.º 230 da província.
Mas o deputado João Kipipa Dias, um dos visados, desmente a
versão da corporação, já que no momento da concentração não havia um grupo
suficiente para interditar a referida via.
“Quando nós iniciamos não tinha população suficiente para impedir a
via. Os carros estavam a movimentar-se normalmente. Aliás, nós estávamos a
caminhar, eu e deputado Falua e mais quatro ou cinco pessoas, e o carro de
música atrás a irmos em direcção ao lugar combinado, que é na praça do
Lenga-Lenga. Depois de nos soltarem, nós voltámos à carga porque nós queríamos
mostrar que não temos mais do que senão gritar basta de morte”, desabafou o político.
O parlamentar da bancada parlamentar da UNITA diz, ainda, que
durante a detenção foram molestados e tratados como animais pelos agentes da
polícia.
“As pessoas estavam à nossa espera. A marcha tinha que arrancar,
infelizmente, entrámos em confronto com a polícia. A polícia deteve-nos.Eles
tinham três barreiras. Primeiro conseguimos ultrapassar a primeira, a segunda e
terceira peço que era já da PIR (Polícia de Intervenção Rápida), aí já não
conseguimos. Fomos molestados, fomos atirados nas viaturas como animais e levados à cadeia do SIC (Serviço de Investigação
Criminal)”, lamentou João Kipipa
Dias, também responsável do partido político Pra-ja no Cuanza Norte.
Segundo o político, desde Janeiro do ano passado, 16 camponeses
já morreram misteriosamente a caminho ou no campo de cultivo na província do
Cuanza Norte, um fenómeno que tem criado pânico entre a população daquela
região.
Face à situação,o deputado João Kipipa Dias revela que a
sociedade exige apenas uma resposta das autoridades em relação ao fenómeno, que
no último sábado, 15 de fevereiro, ainda levou à morte de mais três camponeses.ANG/RFI