Sudão/Amnistia acusa o mundo de atitude vergonhosa perante conflito neste país
Bissau, 15 Abr 25 (ANG) - A Amnistia
Internacional acusou hoje o mundo de ter permanecido impassível perante o
conflito do Sudão, que dura há dois anos, uma atitude que qualificou de
vergonhosa.
A diretora
da Amnistia Internacional para a Investigação, Defesa, Políticas e Campanhas,
Erika Guevara Rosas, afirmou que o dia de hoje, que marca o segundo aniversário
do início da guerra entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de
Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), é "um dia de vergonha", tanto
para "os perpetradores de ambos os lados deste terrível conflito, que
infligiram um sofrimento inimaginável à população civil", como para
"o mundo por virar as costas enquanto o Sudão arde" e também para os
países que "continuam a deitar achas para a fogueira".
"O mundo optou em grande medida por
permanecer impassível", declarou Rosas, em um comunicado, acrescentando
que "é alarmante o facto de o Conselho de Segurança das Nações Unidas não
ter implementado um embargo de armas abrangente ao Sudão para pôr fim ao fluxo
constante de armas que alimenta estes crimes hediondos",
Na semana passada, a Amnistia Internacional
divulgou uma nova investigação que conclui que as RSF cometeram uma violência
sexual generalizada, incluindo violações, violações coletivas e escravatura
sexual, que constituem possíveis crimes contra a humanidade.
"Nos últimos dois anos, as Forças
Armadas Sudanesas [SAF, na sigla em inglês], as RSF e os seus aliados cometeram
crimes hediondos, incluindo violência sexual contra mulheres e raparigas,
torturaram e mataram à fome civis, prenderam e mataram pessoas e bombardearam
mercados, campos de deslocados e hospitais", sendo que "estas
atrocidades constituem crimes de guerra", afirmou Rosas.
Rosas recordou que o mundo falhou no apoio às
vítimas da guerra no Sudão, fornecendo apenas "6,6% dos fundos necessários
para fazer face à catástrofe humanitária no país", salientando que os
cortes drásticos do Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, à USAID
são "a mais recente facada cruel contra a população civil sudanesa que,
sem culpa própria, se encontra no momento de maior necessidade", apelando
ao mundo para que deixe de ignorar o Sudão.
O Sudão enfrenta atualmente a pior
insegurança alimentar da sua história, com milhões de pessoas em risco de fome,
estimando-se que 25 milhões de pessoas, mais de metade da população, enfrentem
fome extrema, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
A guerra no Sudão matou dezenas de milhares
de pessoas e forçou mais de 12 milhões a fugir das suas casas no país, enquanto
cerca de quatro milhões procuraram refúgio nos países vizinhos.ANG/Lusa
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