Obituário/Músicos guineenses
rendem homenagem ao Américo Gomes
Bissau, 03 Mar 25 (ANG) – Os músicos guineenses renderam
homenagem póstuma ao falecido Américo Gomes no seu último adeus, conspirando-lhe
uma marca de génio e ídolo que inspira
outros músicos de diferentes gerações.
Na cerimónia, o veterano músico Sidónio Pais realçou Américo como uma marca de génio que
não era um simples artista, mas sim um exemplo excecional de quem surgiu na música
guineense como uma trovoada, visto que chegou e dominou na sua geração no
momento, criando ideias novas.
Sidónio Pais Quaresma disse que nos anos 80, Américo Gomes
era apenas uma pessoa que fazia músicas programadas, enquanto eles cantavam em
conjunto, frisando que continuava a desenvolver a sua capacidade criativa, fazendo
músicas e as letras com facilidade e capacidade de programação, porque já tinha
uma noção muito avançada da música que queria fazer.
País destacou que o falecido era um grande intérprete que cantava muito bem a
música norte americana, em ritmo blus com pronúncia em inglês perfeito.
"A experiência que tive com o Américo, um dos mais
recentes, era quando gravava o seu disco de 20 anos de carreira, em Setembro de
1992. Estava a procura de como deveria fazer a capa do disco, e ele me disse:
mais velho…, penso que podes fazer uma capa assegurando uma pomba branca . Foi
lá que cantei aquela música Ntene-Ntene e daí foi buscar a pomba no jardim e
me deu para tirar a foto,"disse.
Sidónio Pais acrescentou que a outra marca do Américo é a
sua inspiração, sua ideia avançada.
A artista Amy Injai disse que Américo foi aquela pessoa
que lhe estendeu a mão quando mais precisava , num momento mais difícil da sua vida, em que não
tinha ninguém do seu lado.
Contou que sempre brigavam, porque descordavam um com o
outro mas que acabam depois a se chegar à um acordo. Ami Injai disse que aprendeu
muito com o músico e que vai continuara aprender com as obras que deixou.
O músico da nova geração Flavnais (fidju de bidera) considerou Américo um ídolo e tudo para a nova
geração, porque o caminho que estão a seguir hoje é feito por ele.
Para o músico Lesmes Monteiro, Américo é uma lenda para
os músicos sobretudo, os da nova geração. Monteiro disse que interpretou muitas músicas do malogrado,
antes de começar a cantar, considerando que depois de Justino Delgado e
Sidónio, entre artistas de nova geração, o Américo não tem igual.
"A morte do Américo é uma perda não só para a
família e músicos, é para todo o país e espero que novos músicos vão poder
inspirar na sua obra para continuar a sua caminhada e manter o seu
legado," frisou Monteiro.
Para o produtor da música Juca Delegado, o dia do enterro
de Américo Gomes deve ser um dia de reflexão para a classe artística, tendo em conta o que Américo foi em vida , com as
suas posições muito clara. Quando tinha que dizer Juca não gosto disso dizia sem
rodeios.
"Tomemos isso em conta, que seja um dia de reflexão
para crescemos na nossa forma de ser, no nosso interior. Devemos ouvir músicas
de Américo, porque vai nos ensinar muita coisa,"disse Delgado.
Falecido no dia 20 de Fevereiro em Lisboa, onde vivia há
muito tempo, Américo Gomes foi a enterrar no Sábado, no Cemitério Municipal de
Bissau, numa cerimónia fúnebre presidida
pela ministra da Juventude, Cultura e Desportos, Maria da Conceição Évora.ANG/MI/ÂC//SG