Sudão/ Cerca de 30 milhões de civis precisam ajuda humanitária e são ignorados - MSF
Bissau, 14 Abr 25 (ANG) - Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertaram que quase 30 milhões de sudaneses precisam de assistência humanitária e lamentam que a população continue ignorada, a ser bombardeada, sem alimentos e cuidados médicos, ao assinalarem hoje dois anos de guerra.
A
guerra no Sudão entre as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e as
Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) entra no seu terceiro ano
esta terça-feira e, assinala a MSF, as pessoas continuam "sem ser vistas,
bombardeadas, deslocadas e privadas de alimentos, cuidados médicos e
serviços básicos de salvamento".
De
acordo com dados das Nações Unidas (ONU), citados em comunicado, 60% dos
50 milhões de habitantes do país - cerca de 30 milhões - precisam de
assistência humanitária e as pessoas estão a enfrentar crises sanitárias
simultâneas e um acesso limitado aos cuidados de saúde pública.
Por
isso, os MSF reiteram o seu apelo às partes beligerantes, e aos seus aliados,
para que garantam a proteção dos civis e pessoal que presta ajuda humanitária e
que sejam eliminadas todas as restrições à circulação de material e pessoal,
"especialmente à medida que se aproxima a estação das chuvas".
"Onde
quer que se olhe no Sudão, encontram-se necessidades - esmagadoras, urgentes e
não atendidas. Milhões de pessoas não estão a receber quase nenhuma assistência
humanitária, as instalações médicas e o pessoal continuam a ser atacados e o
sistema humanitário global não está a conseguir fornecer nem uma fração do que
é necessário", lamentou a coordenadora de emergência dos MSF, Claire San
Filippo, citada no comunicado.
"Durante
os últimos dois anos, ambas as partes beligerantes bombardearam repetida e
indiscriminadamente zonas densamente povoadas", frisa a organização
médico-humanitária internacional.
Em
particular as RSF e os seus aliados "desencadearam uma campanha de
brutalidade, incluindo violência sexual sistemática, raptos, assassínios em
massa, pilhagem de ajuda, destruição de bairros civis e ocupação de instalações
médicas. Mas ambas as partes cercaram cidades, destruíram infraestruturas
vitais e bloquearam a ajuda humanitária", denuncia.
O Sudão
está a enfrentar a guerra e múltiplas emergências de saúde, que se sobrepõem,
como "lesões traumáticas diretamente resultantes de ataques
violentos" e surtos de sarampo, cólera e difteria.
Segundo
o testemunho do médico Hanan Ismail Othman, dado aos MSF, a guerra
provocou o aumento dos casos de ansiedade, stress pós-traumático, depressão e
perturbações de sono.
Para o
médico, estes foram os piores dois anos da sua vida, pois "toda
a gente perdeu alguém ou, pelo menos, conhece alguém que perdeu".
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 70% das
instalações de saúde em áreas afectadas pelo conflito estão pouco
operacionais ou completamente fechadas.
"O
povo do Sudão já suportou este horror durante dois anos a mais, não pode nem
deve esperar mais", reiteraram os MSF que atualmente apoiam mais de 33
instalações de saúde em dez estados do país. ANG/Inforpress/Lusa
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