China/ Governo aponta Estados Unidos como possível origem da pandemia da Covid-19
Bissau, 30 Abr 25 (ANG) - O Conselho de Estado da
China (Executivo) publicou hoje um livro branco sobre a origem da pandemia de
covid-19 no qual defende a transparência de Pequim e sugere que o vírus
"pode ter surgido mais cedo" nos Estados Unidos.
A publicação, divulgada
pela imprensa estatal chinesa, inclui dois capítulos dedicados às contribuições
da China para o estudo da origem do SARS-CoV-2 e para a luta global contra a
pandemia, e um terceiro centrado na resposta "mal gerida" dos EUA à
crise sanitária, sobretudo nos primeiros meses.
O surto da pandemia coincidiu com o último ano do primeiro
mandato de Donald Trump, que, após regressar à Casa Branca em janeiro, lançou
uma guerra comercial global sem precedentes, com a China como principal alvo.
Pequim alegou ter cooperado com a Organização Mundial da Saúde
(OMS) no estudo das origens do vírus "com um forte sentido de
responsabilidade global e transparência" e criticou no relatório os
Estados Unidos como "um elo fraco na governação global da saúde".
No documento citam-se vários estudos que descartam a hipótese de
a cidade de Wuhan - onde o SARS-CoV-2 foi inicialmente detetado - ter sido a
origem do vírus, considerando "extremamente improvável" que este
tenha escapado de um laboratório local.
O Instituto de Virologia de Wuhan, estabelecido em 1956, é uma
instalação classificada com o nível mais alto de risco biológico onde se
estudam, entre outros, vírus do mesmo tipo do SARS-CoV-2.
Pequim acusou Washington de estigmatizar a China, fazendo dela
um "bode expiatório", e de "tentar desviar atenções" ao
politizar a questão da origem do vírus.
No documento, alega-se que há indícios de uma possível
circulação do vírus nos EUA antes da sua deteção oficial em Wuhan.
Entre esses indícios, são mencionados surtos de pneumonia e
gripe em vários estados norte-americanos em 2019, casos de doenças pulmonares
associadas ao uso de cigarros eletrónicos, estudos serológicos realizados por
instituições dos EUA e "incidentes" documentados entre 2006 e 2020 em
laboratórios que manipulam coronavírus e outros agentes patogénicos.
"Deve ser conduzida uma investigação aprofundada sobre as
origens do vírus nos Estados Unidos", lê-se no livro branco, que apela a
Washington para dar "uma resposta responsável" à comunidade
internacional face a esta "preocupação razoável".
A publicação surge quase cinco meses depois de a OMS, no quinto
aniversário do início da pandemia, ter renovado o apelo a uma maior
transparência relativamente à origem da doença.
"Continuamos a apelar à China para que partilhe dados e
permita o acesso necessário para compreendermos as origens da covid-19. Este é
um imperativo moral e científico. Sem transparência e cooperação entre países,
o mundo não estará preparado para futuras epidemias e pandemias", afirmou
a agência de saúde num comunicado.
Missões da OMS visitaram a China por duas vezes com o objetivo
de apurar a origem da doença. Especialistas reconhecem que todas as hipóteses
continuam em aberto, incluindo a de uma eventual fuga laboratorial ou a
hipótese de uma transmissão do vírus para humanos a partir de outras espécies
animais.ANG/Lusa

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