Itália /Governo transfere grupo de imigrantes com ordem de expulsão para centros na Albânia
Bissau, 11 Abr 25 (ANG) - As autoridades
italianas transferiram hoje o primeiro grupo de imigrantes em situação
irregular para os polémicos centros de deportação na Albânia, transformados em
estruturas de repatriamento de requerentes de asilo já com ordem de expulsão de
Itália.
Hoje de manhã, um navio da Marinha italiana
partiu do porto de Brindisi (sul) rumo a Gadjer, na Albânia, levando a bordo 40
imigrantes de várias nacionalidades que se encontravam no Centro de Detenção
para o Repatriamento (CPR, na sigla original) daquela localidade italiana já
com ordem de deportação, confirmou o Ministério do Interior italiano.
Entre os imigrantes transportados constavam
cidadãos da Argélia, da Tunísia e do Bangladesh.
Antes da partida do navio, várias associações
organizaram junto ao porto de Brindisi uma ação de protesto contra a decisão do
Governo de Giorgia Meloni de enviar para países terceiros imigrantes chegados a
Itália.
A 28 de março, o Governo de direita e
extrema-direita, que tem como uma das suas grandes bandeiras políticas o combate
à imigração ilegal, adotou um decreto-lei para rebatizar os dois centros de
detenção construídos na Albânia como CPR para requerentes de asilo a quem já
tenha sido recusada a permanência em Itália.
Esta foi a forma encontrada pelo executivo de
Meloni para contornar as várias decisões da Justiça italiana que inviabilizaram
a utilização dos dois centros inaugurados em outubro de 2024 na Albânia -- na
sequência de um controverso acordo com o primeiro-ministro do país dos Balcãs,
o socialista Edi Rama - como instalações de detenção para imigrantes
intercetados no Mediterrâneo central.
A ideia original era deslocalizar para a
Albânia centros de acolhimento para deportação de imigrantes clandestinos
resgatados no mar - somente homens considerados "saudáveis" e
provenientes de "países seguros", ficando excluídos mulheres e
crianças -, mas, por mais de uma vez, os navios da Marinha italiana tiveram de
fazer regressar os imigrantes transferidos para Gadjer por decisões de
tribunais italianos.
A posição dos juízes italianos desencadeou um
conflito aceso com o Governo de Meloni e levou a que os centros na Albânia
tenham ficado vazios e sem uso.
Enquanto se aguarda uma decisão do Tribunal
de Justiça da União Europeia, que deverá pronunciar-se sobre o acordo entre
Roma e Tirana em junho, as autoridades italianas decidiram reconfigurar as
instalações como CPR, para desbloquear a situação e amortizar o custo dos
centros, estimado em 800 milhões de euros.ANG/Lusa
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