Governo quer restringir cobertura médica para
imigrantes
Bissau, 08 out 19 (ANG) - O governo francês iniciou segunda-feira (7) um debate na Assembleia
Nacional sobre a política migratória no país, que inclui pontos polêmicos, como
o atendimento médico gratuito para imigrantes.
O projeto divide os parlamentares e provoca indignação entre as
associações, que acusam o Executivo francês de instrumentalizar as “questões
migratórias.”
As discussões foram
abertas pelo primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, o chanceler Jean-Yves
le Drian, o ministro do Interior, Christophe Castaner, e a ministra da Saúde,
Agnès Buzyn.
O projeto apresentado pelo governo aos parlamentares analisará
as ajudas sociais concedidas aos candidatos ao asilo político.
A ideia , segundo o governo, é que a França se torne menos
atraente para os imigrantes, “sem deixar de recebê-los bem”.
Os pedidos de asilo
aumentaram 22% em 2018, o equivalente a 123.625 pessoas. “Muitos candidatos ao
asilo oriundos de países seguros são, na realidade, motivados pelas condições
de acesso a nosso sistema de saúde”, disse o premiê Edouard Philippe à publicação
Jornal do Domingo. Afegãos, albaneses e georgianos são, respectivamente, as
nacionalidades mais representadas.
O presidente francês quer modificar, por exemplo, a AME (Ajuda
Médica do Estado), atribuída aos clandestinos. A ideia não é extinguir o
benefício, mas limitar sua cobertura e o acesso a tratamentos mais
sofisticados.
Alguns estrangeiros chegam a ficar dez anos nesse sistema, à
espera da análise de sua situação pelas autoridades francesas.
A chamada PMU (Proteção Médica Universal), concedida aos candidatos
ao asilo, também deve ser reavaliada. O governo quer introduzir um pedido de
carência de três meses para casos sem urgência.
A questão migratória estará no centro do debate das eleições
presidenciais de 2022. O presidente Emmanuel Macron, provável candidato à
reeleição, quer preparar o terreno para a disputa contra a candidata do partido
Reunião Nacional, Marine Le Pen, que usa a imigração para conquistar os votos
das classes mais baixas, acusando os estrangeiros de roubar o trabalho dos
franceses e abusar do sistema.
As associações de defesa dos imigrantes denunciam a
instrumentalização política do debate. A oposição denuncia um “populismo de
Estado” e acusa o governo de perder tempo em discutir uma diminuição da ajuda
aos migrantes em vez de analisar questões sociais de fundo.
“A pressão não é migratória, mas financeira”, disse Fabien
Roussel, líder do PCF (Partido Comunista Francês).ANG/RFI
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