Prisão efectiva para jornalista acusada de "aborto ilegal"
Bissau, 02 out 19 (ANG)
- A jornalista Hajar Raissouni, acusada
de “aborto ilegal” e de “relações sexuais fora de casamento” foi terça-feira
condenada a um ano de prisão efectiva.
A jornalista marroquina de
28 anos, detida no final de Agosto, foi condenada, por um tribunal de primeira
instância de Rabat.
Detido e julgado ao mesmo
tempo, o médico ginecologista que realizou a interrupção voluntária da gravidez
foi condenado a dois anos de prisão e proibido de exercer a profissão por
outros dois anos.
O noivo da jornalista do
diário de língua árabe Akhbar Al-Yaoum foi igualmente condenado a um ano de
detenção.
Um dos advogados de Hajar
Raissouni, Abdelmoula Marouri, afirmou que pretende recorrer da sentença.
Os familiares dos arguidos
ficaram chocados com o veredicto que dizem ser injusto e político: “Considero que o julgamento foi injusto. A
opinião pública marroquina e internacional confirma que Hajar é acusada pelas
suas opiniões, pelas suas posições, pelas posições do jornal no qual trabalha,
da sua família. Foi isso que encontramos nesta condenação”,
sublinhou à saída do tribunal Souleymane Raissouni, tio de
Hajar Raissouni e
chefe de redacção do jornal onde Hajar trabalhava.
Desde o início que caso da
jornalista ultrapassou as barreiras da justiça, desencadeando um amplo debate
inédito sobre as liberdades individuais em Marrocos, com centenas de
marroquinas a denunciarem “leis injustas, obsoletas e desnecessárias” e a
declararem-se "fora-da-lei".
A lei marroquina pune a
interrupção voluntária da gravidez com penas que podem ir de seis meses a cinco
anos de prisão, com excepções para os casos em que a vida da mãe esteja em
risco.
No ano passado, segundo os
dados oficiais, a justiça marroquina processou 14.503 pessoas por deboche,
3.048 por adultério, 170 por homossexualidade e 73 por interrupção voluntária
da gravidez.
As associações locais que
defendem a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, estimam que
diariamente são realizados em Marrocos entre 600 a 800 abortos clandestinos,
por vezes em condições sanitárias precárias.ANG/RFI
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