Oftalmologista
fala sobre risco de uso excessivo de telas
Bissau, 08 out 19 (ANG) - A oftalmologista Keila
Monteiro de Carvalho, professora da UNICAMP (Universidade de Campinas), explica,
em entrevista à RFI, que o uso excessivo de telas causa riscos para a saúde e
tem efeitos lesivos na retina.
Keila Carvalho diz que a exposição às telas por longos períodos é uma
questão que preocupa cada vez mais os especialistas.
Os efeitos das chamadas lâmpadas LED azuis (sigla em
inglês que significa diodos emissores de luz) nos olhos vêm sendo estudados há vários anos por pesquisadores e oftalmologistas. Eles estão associados a um
desenvolvimento precoce da degeneração da mácula, uma doença que, se não for
tratada, pode levar à cegueira.
Essa luz também está envolvida na regulação do sono e
nos mecanismos de envelhecimento.
"Em todas as doenças que estão relacionadas à
idade, como a depressão, o diabetes, a hipertensão e degeneração de mácula,
existe um papel regulador da luz azul. Em excesso, causa riscos para a saúde e
tem efeitos lesivos na retina", explica a oftalmologista Keila Monteiro de
Carvalho, representante do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Por isso, os médicos preconizam, para proteger os
olhos, que o uso das telas, como computadores e celulares, seja evitado antes
de dormir.
Outra medida essencial, diz, é proteger as lentes dos
óculos para bloquear a luz azul. "A luz azul está presente no ambiente de
modo geral. Existe o efeito cumulativo e a ideia é que a pessoa se proteja da
luz azul ao longo da vida.
Para quem tem problemas de retina, os oftalmologistas
prescrevem especificamente lentes que a bloqueiam para uso contínuo",
ressalta a especialista.
Ela lembra uma alternativa à LED já está sendo
estudada: trata-se da chamada tecnologia OLED, um diodo orgânico emissor de
luz, com a luminosidade semelhante à de uma vela, e menos nociva para os olhos.
O uso excessivo da telas é um tema recorrente nos
congressos de Oftalmologia, sublinha a médica brasileira.
"Tivemos recentemente o Congresso Brasileiro de
Oftalmologia, que é anual. O próximo, em setembro do ano que vem, será em
Campinas. Uma das sessões trata especificamente desses assuntos", diz.
"Todos os congressos de Oftalmologia têm sempre um tema voltado para essa
questão a proteção dos olhos e a exposição às telas", afirma.
O tema é abordado de maneira contínua entre os
profissionais, que são orientados a alertar a população nas consultas. A
preconização é que o uso de electrónicos portáteis seja limitado a, no máximo,
duas horas por dia.
No caso das crianças, é importante evitar celulares e aumentar o tempo ao ar
livre. Esse hábito previne os riscos de desenvolver uma miopia que seria menos
grave e precoce, por exemplo.
A miopia é um defeito genético e a solução para
retardar seu aparecimento é evitar fatores ambientais que favorecem o problema.
"O celular emite a luz azul viva e a mantém uma distância próxima do olho.
Isso aumenta excessivamente a acomodação e interfere
no aumento da miopia, que aumenta mais do que deveria. São cuidados que devem
ser tomados até cerca de 18 anos. Depois dessa idade, esses fatores influenciam
menos na progressão", explica.
De acordo com a especialista, a luz e a acomodação
alongam o olho, gerando o deficit na refração.
"No
Brasil, apesar de não termos estatísticas, temos notado nas consultas que temos
cada vez mais míopes, por isso esses cuidados são muito importantes",
frisa a oftalmologista.
"Nossa
intenção é que a miopia seja menor do que será se houver excesso de
exposição", diz.ANG/RFI
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