Mali/CEDEAO concorda com transição
civil de 18 meses
Bissau, 16 Set 20 (ANG)
– Os líderes dos países da África Ocidental aceitaram uma transição política no
Mali de 18 meses, em vez de um ano, pedida pela junta militar que assumiu o
poder em Agosto, desde que presidente e primeiro-ministro sejam civis.
“Nós, chefes de Estado e
de Governo, tomamos nota de que a duração da transição política será de, no máximo,
18 meses, contados a partir de 15 de Setembro de 2020”, lê-se num comunicado da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) divulgado hoje de
madrugada.Adicionar legenda
Além disso, entre as
decisões acordadas em Acra, durante a cimeira extraordinária de dirigentes do
bloco regional, que contou com a presença do chefe do Comité Nacional de
Salvação do Povo (CNSP, militar) do Mali, o coronel Assimi Goita, há também a
reivindicação, repetida em várias ocasiões, de que os dois chefes da transição
sejam civis e que o CNSP “se dissolva imediatamente após instalado o período de
transição”.
Oito presidentes e
vice-presidentes de países da África Ocidental reuniram-se a convite do chefe
de Estado do Gana, Nana Addo Akufo-Addo, que na semana passada assumiu a
presidência rotativa da CEDEAO, um órgão regional com 15 países membros ao qual
Mali pertence, bem como os lusófonos Cabo Verde e Guiné-Bissau.
“Não podemos permitir
mais atrasos no estabelecimento de um governo responsável no Mali depois do
golpe” de 18 de Agosto, declarou Akufo-Addo, que falava na residência oficial
em Peduase, nos arredores de Acra.
O prazo termina hoje
para a junta militar designar os 25 membros que deveriam fazer parte do governo
interino, de acordo com o pedido da CEDEAO.
Segundo o comunicado, a
nomeação do presidente e do vice-presidente de transição “será feita de
imediato” e, assim que assumirem os seus novos cargos, serão retiradas as
sanções impostas ao Mali pela CEDEAO.
Essas sanções incluem o
encerramento de fronteiras, a suspensão dos fluxos financeiros e a exclusão do
Mali de todos os órgãos de decisão da CEDEAO até que a ordem constitucional
seja restaurada, uma medida também adoptada pela União Africana.
No passado sábado, o
diálogo entre as forças políticas do país e a junta militar, que assumiu o
poder no Mali após o golpe que derrubou o presidente Ibrahim Boubacar Keita
(IBK), terminou com a elaboração de um plano de transição de dezoito meses de
duração, um requisito com o qual a CEDEAO agora parece concordar.
Depois de encerrada a
reunião, na madrugada de hoje, o Presidente ganês disse aos órgãos de
comunicação social que o líder do conselho aceitou o pedido da CEDEAO para
formar um governo civil em breve e que terá de o discutir em Bamako com os seus
colegas.
“O ponto de vista da
CEDEAO é que as questões que foram apresentadas devem ser tratadas numa questão
de dias, e não semanas, para que possamos iniciar o processo de normalização da
situação no Mali”, concluiu o chefe de Estado.
Akufo-Addo anunciou que
o mediador da CEDEAO, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, viajará para
Bamako daqui a alguns dias e que espera que, quando chegar à capital do Mali, a
junta militar tenha tomado as medidas exigidas pela organização para poder
levantar as sanções impostas após o golpe.
O movimento M5-RFP, o
maior grupo de oposição ao regime do agora ex-presidente Ibrahim Boubacar
Keita, afastou-se do plano de transição acordado após três dias de diálogo
nacional, entre outros motivos, para não limitar a uma personalidade civil os
cargos de presidente interino e primeiro-ministro.
Os líderes regionais
temem que o golpe possa abrir um precedente perigoso na África Ocidental e
permitir que as forças jihadistas com laços com a Al Qaida e a organização
terrorista designada Estado Islâmico tomem mais terreno na região do Sahel.
O golpe de 18 de Agosto
surgiu após várias semanas de grande instabilidade no país, com protestos em
massa e tumultos nas ruas liderados por multidões exigindo a renúncia de
Ibrahim Boubacar Keita, no cargo desde 2013. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário