São Tomé e Príncipe /Governo retira confiança ao PGR
Bissau,
04 Set 20 (ANG) - O Governo de São Tomé e Príncipe retirou hoje a confiança ao
procurador-geral da República (PGR) e acusa Kelve Nobre Carvalho de
"desrespeito acintoso do dever de informação".
“O desrespeito acintoso do dever de informação plasmado na lei vigente pelo digníssimo procurador-geral ao Governo, e muito particularmente à ministra da Justiça, põe em causa toda a perspectiva de um relacionamento sustentável”, indicou o Conselho de Ministros em comunicado.
A nota acrescentou que,
“em virtude da dificuldade e disfuncionamento institucional, o Governo vem de
forma veemente responsabilizar o digníssimo procurador-geral da República pelo
acumular das violações ‘in concreto’ e retira a sua confiança ao mesmo”.
No documento lido pelo
porta-voz, Adelino Lucas, o executivo são-tomense lamentou “os autos de
instrução preparatória que corre seus termos no Ministério Público” contra a
directora da Polícia Judiciaria (PJ) por causa do desaparecimento de droga nas
instalações deste órgão policial.
O Governo considerou que
a “inesperada notícia” da constituição da directora da PJ e alguns dos seus
colaboradores como arguidos aconteceu “ao arrepio das normas procedimentais que
regem a matéria” e provocou “alarme social”.
O executivo classificou
o assunto de “extrema complexidade e gravidade e deplora o ‘modus operandi’ do
Ministério Público nesta fase processual”.
“No estrito princípio de
separação de poderes, cabe ao Ministério Publico e quaisquer entidades
judiciais apurarem a verdade material dos factos, devendo, no entanto, fazer
prevalecer a imparcialidade e dirigir todo o processo com base nos valores de
princípios fundamentais em que todos nós acreditamos”, sublinhou Adelino Lucas.
“Em bom nome da
legalidade democrática e enquanto detentor da acção penal”, o Conselho de
Ministros lembrou a “opinião pública nacional e internacional” que o
procurador-geral da República “decidiu não dar curso” a inúmeras queixas
remetidas ao Ministério Público pelo actual Governo.
No comunicado, o
executivo apresentou uma lista de 12 queixas-crime, entre as quais a construção
do novo edifício do Banco Central, avaliado em mais de 18 milhões de euros, a
queima das notas do Banco Central, auditorias a câmaras distritais do país, e
auditoria aos jogos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Outros casos são a
aquisição de cinco embarcações, três das quais catamarãs, 10 milhões de dólares
recebidos pelo Estado são-tomense de uma outra empresa e creditado como dívida
da empresa China International Fund para começar a desembolsar em 2021, e os
300 mil dólares utilizados do Fundo do Kuwait.
O Governo referiu que
nenhum desses processos teve andamento, lembrando que o relacionamento
institucional entre o Governo e a Procuradoria-Geral da República “está
plasmado no Estatuto do Ministério Público”. ANG/Angop
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