UE/Macron e Kurz pedem reforma do espaço Schengen para lutar contra o terrorismo
Bissau, 11 Nov 20 (ANG)
– O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o
chanceler austríaco, Sebastian
Kurz, insistiram terça-feira que a reforma do espaço Schengen é “essencial” no
combate ao terrorismo e a “todas as formas de radicalização” nas sociedades
europeias.
Numa ‘mini-cimeira’ que
contou com a presença de Macron e Kurz em Paris – mas também, virtualmente, com
a chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro holandês, Mark Rute, o
presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen – o Presidente francês referiu que “não se deve
confundir a luta contra a imigração clandestina com a luta contra o
terrorismo”, mas é necessário ter um “olhar lúcido” sobre a ligação “que existe
entre ambos”.
“O espaço Schengen, é um
dos dados adquiridos da construção europeia, mas baseava-se, em troca da livre
circulação nas fronteiras internas, numa promessa de protecção e de segurança.
A segunda promessa não foi cumprida”, sublinhou Macron.
Também Sebastian Kurz,
em deslocação a Paris uma semana após o atentado que fez quatro mortes em
Viena, referiu que “saber quem entra e sai da União Europeia (UE)” é
“essencial”.
“Estamos felizes por
podermos viver sem fronteiras internas, mas só conseguiremos manter essa
liberdade se protegermos as nossas fronteiras externas”, frisou Kurz.
Os dois chefes de Estado
apelaram ainda à aplicação rápida das medidas que foram adoptadas, ao nível
europeu, após os atentados de 2015 em Paris que vão, nas palavras de Macron,
“do desenvolvimento de bases de dados comuns, à cooperação entre polícias, à
troca de informações e ao reforço do dispositivo penal”.
Já a chanceler alemã,
Angela Merkel, frisou a necessidade de se sublinhar que não se trata “de uma
luta entre o islão e o cristianismo”, mas antes de um combate para “defender o
modelo de sociedade democrática”.
“Temos de enfrentar os
inimigos das sociedades abertas e liberais”, referiu Merkel.
Nesse sentido, a
chanceler alemã afirmou que os projectos para “melhorar” o espaço Schengen “vão
no bom sentido”, e apelou também a que a UE seja mais activa na frente
diplomática e dialogue com países muçulmanos para “encontrar terrenos comuns” e
explorar “as possibilidades de luta comum contra o terrorismo”.
O presidente do Conselho
Europeu, Charles Michel, também insistiu na necessidade de iniciar uma
“actividade diplomática intensa”.
“A Europa garante a
liberdade de consciência e a liberdade de acreditar ou não acreditar. Por isso,
a Europa quer estar presente no palco internacional para não cair na armadilha
daqueles que tentam instrumentalizar e alimentar o ódio e a separação”, apontou
Michel.
O presidente do Conselho
Europeu insistiu ainda no tema de um instituto para a formação de imãs, ideia
que tinha avançado na segunda-feira, aquando de uma deslocação a Viena para se
encontrar com Sebastian Kurz.
“Uma questão que me é
cara é saber como é que podemos encorajar a formação dos imãs na Europa, como
podemos assegurar-nos e garantir que, respeitando a liberdade de consciência,
os nossos valores fundamentais estão protegidos”, sublinhou Charles Michel.
Ursula von der Leyen
apontou também a necessidade da formação para combater o terrorismo, e disse
querer fortalecer uma “rede de integração”, composta por “5.000 professores,
polícias, assistentes sociais e outros especialistas” que trabalham “no
terreno” e que procuram “acompanhar os jovens”.
“É preciso agir na raiz
do mal: antes de falar em radicalização, é preciso falar de formação e de
inclusão. A melhor arma contra o terrorismo é que os jovens tenham perspectivas
de futuro”, afirmou a presidente da Comissão Europeia.
Os temas discutidos hoje
serão abordados no próximo Conselho de ministros dos Assuntos Internos que terá
lugar esta sexta-feira por videoconferência.
Já Charles Michel anunciou também que a resposta da UE contra a ameaça terrorista estará em cima da mesa na cimeira de líderes europeus que terá lugar entre 10 e 11 de Dezembro. ANG/Inforpress/Lusa
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