Brasil/Centrais sindicais pedem abertura imediata do processo de destituição de Bolsonaro
Bissau, 09 Set 21(ANG) – Quatro das cinco maiores centrais sindicais brasileiras publicaram um comunicado conjunto pedindo a abertura imediata do processo de destituição do Presidente do país, Jair Bolsonaro, após os seus polémicos discursos no 07 de Setembro.
“Foi deplorável a participação do Presidente Jair Bolsonaro nos actos antidemocráticos realizados no dia que deveríamos comemorar o 199.º aniversário da Independência do Brasil. É inquestionável que o objectivo do Presidente e de seus apoiantes é dividir a Nação, empurrar o país para a insegurança, o caos e a anarquia”, diz o documento.
O
comunicado, assinado pelos presidentes da Força Sindical, da União Geral dos
Trabalhadores (UGT), da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e da Nova
Central Sindical de Trabalhadores (NCST), argumenta que os discursos do chefe
de Estado configuram “crime tipificado na Constituição brasileira – crime de
responsabilidade -, no qual ele deve ser enquadrado imediatamente, abrindo-se o
processo de ‘impeachment'”.
Em
causa estão as polémicas ameaças feita por Bolsonaro na terça-feira, Dia da
Independência do Brasil, em que a desafiou a justiça brasileira ao afirmar que
“não mais cumprirá” decisões do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes e acrescentou que “nunca será preso”.
O
chefe de Estado brasileiro ameaçou ainda outros juízes brasileiros, em dois
discursos que fez para milhares de apoiantes nas cidades de Brasília e São
Paulo, e frisou que aquela manifestação popular representava um ultimato aos
três poderes.
“O
seu único interesse [de Bolsonaro] é permanecer aferrado ao poder mesmo que
isso signifique romper a legalidade democrática, visto que é cada vez mais
evidente seu isolamento político e a perda de apoio popular, em suma, seu
projecto de reeleição escorre entre os dedos”, sustentaram as centrais
sindicais.
Nesse
sentido, as centrais apelaram aos “sectores políticos democráticos, sociedade
civil, o mundo da ciência e da cultura, os trabalhadores e suas entidades
sindicais” que saiam à Avenida Paulista, em São Paulo, no próximo domingo, num
ato pela destituição de Bolsonaro.
As
centrais sindicais brasileiras juntam-se assim às manifestações que o Movimento
Brasil Livre (MBL) realizará no domingo contra Jair Bolsonaro. Apenas a Central
Única dos Trabalhadores (CUT) não participará nos protestos na Avenida
Paulista.
Também
hoje, várias figuras políticas da oposição criticaram o presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira, a quem compete abrir um eventual processo de
destituição, por não dar andamento ao afastamento do actual chefe de Estado.
“Eu lamento
que ele [Lira] não tenha compromisso com a democracia, porque, se tivesse,
estaria colocando em pauta o ‘impeachment’ de Jair Bolsonaro. Lamento
sinceramente a postura, a atitude e o descompromisso do presidente da Câmara
Federal com a democracia brasileira”, afirmou João Doria, governador de São
Paulo e aspirante a candidato à Presidência do Brasil em 2022.
Também
a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann,
afirmou que Arthur Lira “não pode continuar naturalizando os actos
antidemocráticos e os crimes de Bolsonaro contra a Constituição”.
“Esperava
do presidente da Câmara uma atitude firme, a Casa não pode ser apequenar desse
jeito. Abra o ‘impeachment’, é o que o povo quer”, apelou Gleisi na rede social
Twitter.
Já o deputado do PT Paulo Pimenta informou que o seu partido e outras seis formações políticas encontram-se a preparar um novo pedido de destituição contra Bolsonaro, que se juntam aos mais de 120 pedidos já entregues contra o actual mandatário. ANG/Inforpress/Lusa
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