Ucrânia/Ucranianos recusam-se a depor as armas em Mariupol
A
Rússia ordenou, no domingo, às forças ucranianas que abandonem a cidade de
Mariupol, cercada há semanas e em grande parte já destruída, até à manhã de
segunda-feira. Em troca, as forças russas autorizariam dois corredores
humanitários para saída da cidade.
No
entanto, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereshuchuk, recusou a
rendição.
“Não
se pode falar em rendição, deposição de armas. Já informámos o lado russo sobre
isto”, afirmou, em declarações ao canal ucraniano Pravda, citadas pela agência
Associated Press.
“Eu
escrevi: em vez de perderem tempo em oito páginas de cartas, abram o corredor”,
afirmou.
A
agência de notícias russa TASS avançou que os residentes de Mariupol têm até às
05:00 de segunda-feira para responder à oferta das forças russas.
O
chefe do centro de controlo da Defesa Nacional Russa, Mikhail Mizintsev,
anunciou, citado pela agência espanhola EFE, que todos os elementos do exército
ucraniano poderão abandonar a cidade entre as 10:00 e as 12:00 (menos duas
horas em Lisboa), bem como todos os “mercenários estrangeiros”.
A
cidade sitiada de Mariupol, que tem sofrido episódios de bombardeamento pesado
das forças russas, está sem alimentos, água e energia. Os relatos que saem da
localidade são de uma extrema violência e destruição, com cadáveres espalhados
pelas ruas.
Num
comunicado hoje divulgado, a organização não-governamental Human Rights Watch
(HRW) lembrou que as autoridades locais estimam em 3.000 o número de mortos na
cidade, que terá 80% dos edifícios destruídos. Nem um número nem outro foi
verificado de forma independente.
“Residentes
que escaparam [de Mariupol] disseram que hospitais, escolas, lojas e inúmeras
casas foram danificadas ou destruídas por bombardeamentos. Muitos disseram que
os seus familiares ou vizinhos sofreram ferimentos sérios ou, nalguns casos,
fatais, de fragmentos de explosivos”, pode ler-se no texto da HRW, que recorda
os ataques russos a hospitais e a um teatro que albergaria centenas de pessoas.
A
organização realçou que as populações civis devem poder aceder a assistência
humanitária e ser retiradas de forma segura. “A Rússia está proibida de obrigar
civis, de forma individual ou em massa, a viajar para cidades russas ou para
países como a Bielorrússia”.
A HRW
sublinhou que o Tribunal Penal Internacional, a comissão de inquérito do
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e outras jurisdições relevantes
“devem investigar potenciais crimes de guerra em Mariupol, com vista a
processar os mais responsáveis”.
A
Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou
pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais
de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as
quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes
dados da ONU.
Segundo
as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência
humanitária na Ucrânia.
A
invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que
respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas
e políticas a Moscovo. ANG/Inforpress/Lusa
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