Mundo/Crença na democracia continua elevada mas Governos estão a defraudar expectativas
Bissau, 10 Mai 23 (ANG) –Uma parte importante da
população mundial considera que os Governos estão a defraudar as expectativas
democráticas dos cidadãos e está insatisfeita com a qualidade democrática, mas
a maioria continua a acreditar nos méritos deste regime político, foi hoje
revelado.
Esta é uma das conclusões do Índice de
Perceção da Democracia, um estudo realizado pela Fundação Aliança de
Democracias (do antigo secretário-geral da NATO e ex-primeiro-ministro
dinamarquês Anders Fogh Rasmussen) em parceria com a empresa tecnológica
Latana.
O estudo questionou mais de 50.000
pessoas em 53 países (incluindo Portugal), representativos de mais de 75% da
população mundial, para tentar compreender a forma com os cidadãos olham para
os sistemas de governo globais.
A edição deste ano (a 6.ª edição),
hoje divulgada, revela, entre outros aspetos, um decréscimo de satisfação das
pessoas na qualidade dos regimes democráticos em que vive, mostra que nos
países ocidentais as pessoas mantêm o apoio à resistência ucraniana perante a
invasão russa (iniciada em fevereiro de 2022) e conclui que, se a China invadir
a ilha de Taiwan, a maioria dos inquiridos defende o corte de laços económicos
com Pequim.
A maioria dos entrevistados (57%)
mostra-se satisfeita com a democracia nos seus países, mas cresce a
insatisfação em vários parâmetros de avaliação dos regimes políticos, sobretudo
na Europa e nos Estados Unidos.
Na Europa, apenas um terço dos
húngaros, 40% dos polacos e cerca de metade dos gregos (49%), dos franceses
(49%) e dos holandeses (53%) acredita que o seu país vive numa verdadeira
democracia.
Segundo o estudo, a crença na
democracia permanece elevada em todo o mundo, com 84% dos cidadãos a desejarem
este tipo de regime político para o seu país.
Contudo, uma parte importante da
população reconhece que os regimes democráticos estão debaixo de fortes
ameaças, nomeadamente por questões económicas.
A desigualdade económica é vista como
a principal ameaça à democracia em todo o mundo (69%), seguida pela corrupção
(68%) e pela influência de empresas globais (60%).
No caso dos Estados Unidos, aumentou
ainda o número de pessoas que teme que as eleições deixem de ser justas e
transparentes (de 49%, em 2021, para 61%, este ano).
Cerca de metade das pessoas - tanto em
países democráticos como não democráticos - sente que o seu Governo está
favorecer os interesses de pequenos grupos de pessoas, muitas vezes associadas
a grandes empresas, em particular na área das tecnologias.
“Em todos os países, as pessoas estão
a pedir mais democracia. A brutal invasão da Ucrânia mostra que não podemos
tomar a liberdade e a democracia como garantidas. Devemos fazer mais para
proteger e promover os direitos cívicos, a liberdade individual e os princípios
democráticos básicos”, defendeu Anders Fogh Rasmussen, fundador e presidente da
Fundação Aliança de Democracias, num comentário às conclusões do relatório.
“O mundo continua unido sobre a ideia
da importância da democracia, Mas há uma clara linha divisória quando se trata
de arcar com os custos económicos que ela implica”, acrescentou, por sua vez,
Nico Jaspers, diretor-executivo da Latana.
O estudo hoje revelado será discutido
na sexta Cimeira da Democracia, que se realizam em Copenhaga na próxima semana
(dias 15 e 16 de maio), organizada pela Fundação Aliança de Democracias (também
conhecida como Rasmussen Global).
No encontro estarão presentes, entre
outras personalidades, o atual secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens
Stoltenberg, a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, a líder da oposição
bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, o Presidente checo, Petr Pavel,
a ex-líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos Nancy Pelosi, e a
ex-primeira-ministra do Reino Unido Liz Truss. ANG/Lusa
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