Sudão/Conflito poderá levar 19 milhões de pessoas a passarem fome, um nível recorde
Bissau, 10 Mai 23(ANG) - O conflito no Sudão poderá levar a insegurança alimentar no país a atingir níveis recorde, com mais de 19 milhões de pessoas afetadas, ou seja, dois quintos da população, alertou hoje o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas.
A agência espera que entre 2 a 2,5
milhões de pessoas passem fome nos próximos meses, como resultado da violência
que continua a assolar o país, segundo um comunicado do PAM.
"Os maiores picos de insegurança
alimentar são esperados nos estados de Darfur Ocidental, Kordofan Ocidental,
Nilo Azul, Mar Vermelho e Darfur do Norte. Entretanto, o custo dos alimentos
está a subir em todo o país e prevê-se que o preço dos produtos básicos aumente
25 por cento nos próximos três a seis meses", acrescentou o PAM na nota.
Além disso, a insegurança e a
violência forçaram o PAM a suspender temporariamente as suas operações no
Sudão, porém estas foram retomadas na semana passada e conseguiram chegar a
mais de 35.000 pessoas.
As operações centram-se na assistência
a um total de 384.000 pessoas, incluindo famílias que fugiram recentemente do
conflito, refugiados e deslocados internos preexistentes e as comunidades
vulneráveis que os acolhem nos Estados de Gedaref, Gezira, Kassala e Nilo
Branco.
Nos próximos meses, o PAM alargará a
sua ajuda de emergência para apoiar 4,9 milhões de pessoas vulneráveis em zonas
onde a situação de segurança o permita, para além de prevenir e tratar a
desnutrição aguda moderada em 600. 000 crianças com menos de cinco anos e
mulheres grávidas e lactantes.
Mais de 40.000 pessoas já atravessaram
para o Sudão do Sul, onde a agência está a fornecer refeições quentes todos os
dias nos centros de trânsito, bem como avaliações nutricionais para crianças e
mulheres grávidas ou lactantes.
No Egipto, que regista o maior afluxo
de refugiados, o PAM está a trabalhar com o Governo e o Crescente Vermelho
Egípcio (ERC) para prestar assistência alimentar às pessoas que fogem da crise
no Sudão. Mais de 20 toneladas métricas de alimentos fortificados foram
entregues nos dois pontos de entrada e estão actualmente a ser distribuídas
pela ERC.
Na República Centro-Africana, cerca de
9.700 pessoas atravessaram a fronteira do Sudão e chegaram a Amdafock, na
prefeitura de Vakaga. O PAM está a responder e planeia ajudar cerca de 25.000
recém-chegados esperados nos próximos dias.
"O PAM continua comprometido com
o povo do Sudão e apela a todas as partes em conflito para que tomem medidas
imediatas para pôr fim aos combates e facilitar o acesso humanitário, para que
possamos expandir as nossas operações num país com algumas das mais altas taxas
de insegurança alimentar do mundo", acrescentou a agência da ONU. ANG/Lusa
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