Cooperação/Presidente da República considera visita a
Portugal motivo de orgulho e desvaloriza “protestos encomendados”
Bissau, 23 Out 23 (ANG) – O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, considerou hoje “motivo de orgulho” a sua visita de Estado a Portugal e desvalorizou o manifesto de indignação de estudantes e trabalhadores guineenses, conhecido na véspera da deslocação.
O chefe de Estado guineense viajou hoje para Portugal para aquela que é a primeira visita de Estado de um Presidente da Guiné-Bissau ao país e, antes de embarcar, no aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, falou da agenda oficial para terça e quarta-feira e reagiu ao protesto de guineenses que residem em Portugal.Umaro Sissoco Embaló diz não
se importar com “as pessoas encomendadas
e pagas”, que chamou de “quatro ou cinco
falhados”, quando questionado pelos jornalistas sobre o manifesto de ativistas,
estudantes e trabalhadores guineenses em Portugal, que acusam o Presidente e o Governo
portugueses de "higienizar" a imagem de Sissoco.
Numa missiva dirigida ao
Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao
primeiro-ministro portugueses, o movimento Firkidja di Púbis, que congrega
ativistas, estudantes e trabalhadores guineenses em Portugal, manifesta a sua
"profunda indignação perante o apoio que o Estado português tem prestado a
Umaro Sissoco Embaló".
Os subscritores do manifesto
criticam o fato de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa terem recebido
Sissoco em Portugal, sem que o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau se
pronunciasse legalmente sobre o desfecho da segunda volta das eleições
presidenciais em 2020.
“Não me importa”, foi a
resposta que o Presidente Sissoco deu, em francês, aos contestatários, que diz
que “são guineenses falhados”.
“Em toda a sociedade há
pessoas complexadas, todos os guineenses deviam orgulhar-se. Eu sou o primeiro
Presidente da República da Guiné-Bissau que fará uma visita de Estado a
Portugal, o que devia orgulhar à todos. Agora com as pessoas encomendadas e
pagas, eu não me importo”, afirmou.
O chefe de Estado guineense
destacou ainda o fato de ter sido convidado pelo homólogo português, Marcelo
Rebelo de Sousa, e de a Guiné-Bissau estar entre o número limitado de visitas
que cada país promove por ano.
Para Umaro Sissoco Embaló ,
esta visita de Estado “demonstra que a relação entre a Guiné e Portugal está ao
mais alto nível” e é “um sinal forte da relação entre países”.
“Isso mostra que cada vez
estamos a cimentar, estamos a fazer uma relação entre Portugal e a Guiné-Bissau
mais sólida. Esse é um dos meus objetivos, que me faz ir a Lisboa, à República
irmã de Portugal”, enfatizou.
Durante os dois dias de
agenda oficial, terça e quarta-feira, o presidente da Guiné-Bissau terá
encontros com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o
Primeiro-ministro, António Costa, e é recebido na Assembleia da República.
Questionado se a dificuldade
de obtenção de vistos para Portugal estará sobre a mesa, disse que a questão é
da competência do Governo, mas que exercerá influência no sentido de procurar
melhorar , agilizar os processos.
Alertou, no entanto que
“todos os países são soberanos” e, no caso de Portugal e do espaço europeu
Schengen, “são fronteiras abertas, mas têm regras”, tal como acontece no espaço
da CEDEAO”, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
“É uma preocupação minha,
vamos manifestar interesse às autoridades portuguesas, como é que eles podem
ajudar a agilizar, mas não é para impor nada”, indicou.
Outra questão que estará
sobre a mesa é a dos ex-combatentes na guerra colonial.
O Presidente da Guiné-Bissau
pretende discutir com as autoridades portuguesas uma forma de facilitar o
acesso à reforma do ex-combatentes, que não têm possibilidade de se deslocar a
Portugal para tratar o assunto.
Sissoco sugere uma solução
através da embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, “mesmo que seja uma coisa
temporária, pontual, (que) mandem alguém para tratar da reforma deles”.
O chefe de Estado guineense
salientou que esta solução “evitaria aquela emigração só para ir Portugal
tratar deste processo”.ANG/Lusa
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