Caracas/Bispos católicos pedem fim de
perseguição a opositores do regime na Venezuela
Bissau,12 Jul 24 (ANG) – Bispos católicos
venezuelanos pediram na quinta-feira o fim da perseguição a opositores do atual
regime e apelaram à população para que vote nas presidenciais de 28 de julho.
“O
dia 28 de julho deve ser um dia de festa democrática no nosso território e onde
se encontram os irmãos migrantes [venezuelanos] (…) ninguém deve eximir-se nem
se sentir excluído desta experiência democrática”, lê-se num comunicado da
Conferência Episcopal Venezuelana (CEV).
O
documento “Caminhar juntos com esperança” foi divulgado em Caracas, no final da
Assembleia Ordinária Plenária do Episcopado Venezuelano, e sublinha que,
“apesar dos obstáculos que vão surgindo, é necessário ultrapassar as sombras
dos profetas do desânimo, cuja mensagem até agora tem sido: ‘nada pode ser
feito’ e ‘nada vai mudar’”.
“Este
é um processo eleitoral atípico, em que não há igualdade de oportunidades para
todos. É necessário, para a paz dos cidadãos, que cesse a perseguição e o
assédio a quem facilita os instrumentos necessários para as concentrações e a
liberdade de movimentos dos candidatos com opções diferentes da opção
governamental. O que se tem passado até agora é desleal e politicamente pouco
ético”, lê-se na nota.
Segundo
os bispos, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) tem uma importância particular
como garante de um processo eleitoral justo, que respeite a legalidade, além da
transparência e a fiabilidade dos resultados.
“É
tempo de que exerça a sua autonomia e independência, como um dos poderes do
Estado, e que garanta que o processo eleitoral esteja de acordo com a
Constituição Nacional e as regras eleitorais. Não pode haver dúvidas sobre o
processo e os resultados”, refere-se no comunicado, que sublinha que
observadores nacionais e internacionais devem atestar a integridade do processo
eleitoral.
Sobre
as Forças Armadas venezuelanas, a CEV diz que têm um papel “fundamental como
garantes da institucionalidade democrática”. Os militares podem votar, mas
respeitando e fazendo respeitar a vontade popular, acrescenta.
Por
outro lado, para os bispos católicos, o próximo período governativo terá
desafios como a "reinstitucionalização do Estado e do país", a
separação dos poderes, o respeito pelos direitos humanos, uma nova economia
geradora de emprego e de um salário digno, a melhoria da qualidade dos serviços
públicos e a reconfiguração do sistema educativo.
Também
o reforço do sistema de saúde, o combate à pobreza e à corrupção, a promoção do
respeito pelas liberdades de expressão e dos cidadãos.
O
comunicado sublinha ainda que, nos últimos anos, a Venezuela tem vindo a
registar uma deterioração constante na educação, alimentação, saúde, serviços
públicos, participação dos cidadãos, justiça e liberdades consagradas na
Constituição Nacional. Esta situação foi agravada pelo facto de muitas das
instituições servirem apenas um partido político.
Os
venezuelanos têm “uma nova oportunidade para tomar decisões, através do voto
consciente e livre, que produza uma reforma profunda da democracia, da
sociedade civil e da qualidade de vida”.
“Isto
implicaria mudanças nos domínios económico, social, político, institucional,
cultural e ético. Para isso, é fundamental fazer uma avaliação sensata da
realidade atual e dos seus problemas, avaliar a real capacidade de cada
candidato para resolver esses problemas com os instrumentos democráticos ao seu
dispor”, afirma-se.
A CEV
disse ainda que “o voto assume uma importância vital na atual realidade” e que
“só vencendo o abstencionismo e a apatia política” os venezuelanos podem
avançar “na reconstrução do país”.
A
democracia, afirma-se na nota, “além de ser um sistema político, é sobretudo um
modo de vida, de entendimento, de oportunidades de desenvolvimento, de
construção do bem comum, assumindo que o povo é soberano, promovendo a
necessária separação de poderes e uma saudável alternância”.
ANG/Lusa
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