França/Plano de divisão do Saara Ocidental na ONU é rejeitado pela Frente
Polisário e Marrocos
Bissau, 22 Out 24 (ANG) - Um
plano de divisão do Saara Ocidental foi submetido ao Conselho de Segurança da
ONU na semana passada, mas categóricamente rejeitado pelas duas partes em
conflito.
Marrocos e os independentistas
sarauís da Frente Polisário disputam o território há cinquenta
anos.
A questão do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola
considerada pela ONU como um "território não autónomo, opõe há 50 anos o
Estado marroquino aos independentistas sarauís da Frente Polisário, apoiados
pela vizinha Argélia.
O Saara ocidental, a norte da Mauritânia, é o único território
do continente africano cujo estatuto pós-colonial não foi regularizado.
Marrocos controla mais de 80% do território, o resto é controlado pela Frente
Polisário e uma zona tampão ocupada pelos capacetes azuis da ONU separa as duas
áreas.
Durante um Conselho à porta fechada, a 16 de Outubro, o
emissário da ONU para o Saara ocidental, Staffan de Mistura, diplomata
ítalo-sueco, terá dito, em privado, que "retomou, em toda a discrição, o
conceito de divisão do território com todas as partes envolvidas", de
acordo com a agência France Presse.
De acordo com o diplomata, este plano de divisão permitiria por
um lado "criar um Estado independente na zona Sul do território" e,
por outro lado, integrar o resto do território como parte integrante de
Marrocos onde a sua soberania seria internacionalmente reconhecida".
Staffan de Misturo lamentou no entanto que "nem Marrocos nem a Frente
Polisário" tenham mostrado "o menor sinal de ambição" para
prosseguir as negociações.
De facto, no dia seguinte, a Frente
Polisário reagiu, em comunicado publicado nas redes sociais pelo seu
representantes diplomático na ONU, Sidi Omar, afirmando a sua "recusa
total e categórica de qualquer iniciativa que não consagre plenamente o direito
do povo sarauí à autodeterminação e que não respeite a integridade territorial
do Saara Ocidental".
Poucos dias depois o chefe da diplomacia de
Marrocos, Nasser Bourita, considerou o plano de divisão como
"inaceitável", alegando que "Marrocos não negociará o seu Saara,
não negociará a sua soberania no Saara e não negociará a sua integridade
nacional".
Desde 2007, Rabat propõe um plano de
autonomia sob a sua soberania. Por seu lado, os independentistas do Polisário
exigem um referendo de autodeterminação, previsto pela ONU no acordo de
cessar-fogo de 1977, mas nunca concretizado.
As hostilidades, de baixa intensidade,
recomeçaram em 2020 entre a Frente Polisário e Marrocos, na sequência do
destacamento de tropas de Rabat na zona tampão para expulsar os
independentistas.
No próximo Conselho da ONU sobre o Saara Ocidental, a 30 de Outubro, o mandato local da missão das Nações Unidas deverá ser renovado até Outubro de 2025. ANG/RFI
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