terça-feira, 22 de outubro de 2024

Moçambique/Venâncio Mondlane convoca novas manifestações para quinta e sexta-feira

Bissau, 22 Out 24(ANG) - O candidato presidencial em Moçambique Venâncio Mondlane convocou hoje dois dias de paralisação e manifestação “pacífica” nacional , a partir de quinta-feira, dia em que está previsto o anúncio dos resultados das eleições gerais pela Comissão Nacional de Eleições.

A convocatória surge depois de um primeiro dia de manifestação e de greve geral nesta segunda-feira para rejeitar os resultados eleitorais e protestar contra o assassínio do seu advogado e do seu mandatário político no final de semana,

Numa intervenção de 45 minutos na rede social Facebook que indicou ter sido feita em “parte incerta” depois de ter interrompido ontem as suas declarações à imprensa em Maputo, perante uma carga policial, Venâncio Mondlane disse estar a convocar para estes dois dias “manifestações em todos os bairros, distritos e postos administrativos” do país, como um “presente” para a CNE.

O país nestes dois dias deve ficar parado, declarou o responsável político ao apresentar esta iniciativa como sendo a segunda etapa do “roteiro revolucionário” de Moçambique.

"Dia 21, fizemos um dia só de paralisação de toda actividade. Dia 24 vamos subir a nossa fasquia. Vamos paralisar o país por dois dias e desta vez, primeiro, a paralisação de todo o acto de trabalho no sector público, sector privado. Vamos paralisar todo o trabalho. Depois vamos sair à rua para manifestar com cartazes. Desta vez, meus irmãos, não vamos ter pontos de concentração como a gente faz, onde eles levam todos os blindados porque sabem que nós anunciamos que é uma concentração no ponto X ou no ponto Z", explicou Venâncio Mondlane.

"Os 154 distritos de Moçambique devem sair para manifestar. Jovens em cada distrito, combinem vocês nos vossos grupos de WhatsApp onde querem fazer a vossa manifestação. Os 64 bairros da cidade de Maputo devem se manifestar. Cada jovem que está no seu bairro manifeste-se, levantar os seus cartazes, levantar os seus dísticos para nos manifestarmos contra este regime assassino", acrescentou ainda o líder político esclarecendo que está "a falar de manifestações pacíficas. Não é para destruir bens públicos. Não é para destruir instituições públicas, não é para destruir os bens de que nós vamos precisar."

Ao insistir que a CNE está prestes a anunciar “resultados profundamente falsos”, Venâncio Mondlane considerou que "não é o que o povo votou. Isso está claro”, referindo-se ao apuramento dos resultados ao nível das províncias, que dão a vitória à Frelimo, no poder, e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.

“Já demonstrámos a partir do nosso centro de contagem paralela, já demonstrámos também a partir de editais que partilhámos com o nosso próprio povo. E a consciência do próprio povo também mostra que não votou na Frelimo e que não votou no candidato da Frelimo (…) Por outro lado, o nosso povo continua humilhado, o nosso povo continua sacrificado”, argumentou o candidato presidencial.

Recorde-se que após o duplo assassínio na sexta-feira de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoiou Mondlane nas presidenciais, o candidato convocou também marchas ontem por todo o país. Os protestos foram dispersos com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo e registaram-se confrontos dos quais resultaram pelo menos 16 feridos, segundo fontes hospitalares.

Este cenário de violência foi condenado pela União Africana, mas igualmente pela CPLP e por Portugal que pediu "contenção" aos actores políticos. Miutas outras vozes manifestaram igualmente a sua preocupação e reclamaram o esclarecimento das circunstâncias do duplo homicídio de sexta-feira, nomeadamente os Estados Unidos e ainda os bastonários das ordens e Associação dos Advogados da União dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP). ANG/RFI

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