Moçambique/Venâncio Mondlane convoca
novas manifestações para quinta e sexta-feira
Bissau, 22 Out 24(ANG) - O
candidato presidencial em Moçambique Venâncio Mondlane convocou hoje dois dias
de paralisação e manifestação “pacífica” nacional , a partir de quinta-feira,
dia em que está previsto o anúncio dos resultados das eleições gerais pela
Comissão Nacional de Eleições.
A convocatória surge depois de
um primeiro dia de manifestação e de greve geral nesta segunda-feira para
rejeitar os resultados eleitorais e protestar contra o assassínio do seu
advogado e do seu mandatário político no final de semana,
Numa intervenção de 45 minutos na rede social Facebook que
indicou ter sido feita em “parte incerta” depois de ter
interrompido ontem as suas declarações à imprensa em Maputo, perante uma carga
policial, Venâncio Mondlane disse estar a convocar para estes dois dias “manifestações em
todos os bairros, distritos e postos administrativos” do
país, como um “presente” para a CNE.
“O país nestes dois dias
deve ficar parado”, declarou o responsável
político ao apresentar esta iniciativa como sendo a segunda etapa do “roteiro revolucionário” de
Moçambique.
"Dia 21, fizemos um dia só de
paralisação de toda actividade. Dia 24 vamos subir a nossa fasquia. Vamos
paralisar o país por dois dias e desta vez, primeiro, a paralisação de todo o
acto de trabalho no sector público, sector privado. Vamos paralisar todo o
trabalho. Depois vamos sair à rua para manifestar com cartazes. Desta vez, meus
irmãos, não vamos ter pontos de concentração como a gente faz, onde eles levam
todos os blindados porque sabem que nós anunciamos que é uma concentração no
ponto X ou no ponto Z", explicou Venâncio Mondlane.
"Os 154 distritos de Moçambique devem
sair para manifestar. Jovens em cada distrito, combinem vocês nos vossos grupos
de WhatsApp onde querem fazer a vossa manifestação. Os 64 bairros da cidade de
Maputo devem se manifestar. Cada jovem que está no seu bairro manifeste-se,
levantar os seus cartazes, levantar os seus dísticos para nos manifestarmos
contra este regime assassino", acrescentou
ainda o líder político esclarecendo que está "a falar de
manifestações pacíficas. Não é para destruir bens públicos. Não é para destruir
instituições públicas, não é para destruir os bens de que nós vamos
precisar."
Ao insistir que
a CNE está prestes a anunciar “resultados profundamente
falsos”, Venâncio Mondlane considerou que "não é o que o povo votou.
Isso está claro”, referindo-se ao apuramento dos resultados ao nível das
províncias, que dão a vitória à Frelimo, no poder, e ao seu candidato
presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.
“Já demonstrámos
a partir do nosso centro de contagem paralela, já demonstrámos também a partir
de editais que partilhámos com o nosso próprio povo. E a consciência do próprio
povo também mostra que não votou na Frelimo e que não votou no candidato da
Frelimo (…) Por outro lado, o nosso povo continua humilhado, o nosso povo
continua sacrificado”, argumentou o candidato presidencial.
Recorde-se que
após o duplo assassínio na sexta-feira de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e
de Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoiou Mondlane nas
presidenciais, o candidato convocou também marchas ontem por todo o país. Os
protestos foram dispersos com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo e
registaram-se confrontos dos quais resultaram pelo menos 16 feridos, segundo
fontes hospitalares.
Este cenário de violência foi condenado pela União Africana, mas igualmente pela CPLP e por Portugal que pediu "contenção" aos actores políticos. Miutas outras vozes manifestaram igualmente a sua preocupação e reclamaram o esclarecimento das circunstâncias do duplo homicídio de sexta-feira, nomeadamente os Estados Unidos e ainda os bastonários das ordens e Associação dos Advogados da União dos Advogados de Língua Portuguesa (UALP). ANG/RFI
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