Cabo Verde/José Maria Neves apela à calma depois de cabo-verdiano ser morto pela policia portuguesa
Bissau, 24 Out 24 (ANG) - O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, em declarações à RDP-África, apelou à calma e afirmou lamentar o ocorrido na Cova da Moura, Amadora, arredores de Lisboa, no início da semana após a morte de um cidadão cabo-verdiano baleado pela polícia aquando de uma patrulha.
Um caso que suscitou uma onda de distúrbios em vários
pontos da região metropolitana de Lisboa.
"Lamento imensamente o que aconteceu com a morte do cabo-verdiano
Odair Mendonça Moniz. Entendo as manifestações de repúdio, os protestos, mas
apelo à serenidade, à calma e ao respeito pelas leis e instituições do
país", declarou José Maria
Neves.
"Repudio também veementemente as declarações anti-imigrantes que
podem gerar mais ódio, mais violência e apelo, neste caso, ao bom senso e ao
equilíbrio no tratamento dessa questão", apelou o chefe de Estado ao manifestar igualmente a sua "solidariedade às famílias, aos
cabo-verdianos em Cova da Moura, no município da Amadora e a todos os
cabo-verdianos residentes em Portugal".
"Insisto na necessidade da calma, da serenidade, da confiança na
justiça e espero que as responsabilidades sejam assacadas nos termos das leis
vigentes no país", rematou ainda o
Presidente cabo-verdiano em entrevista concedida à RDP-África.
Por seu turno, na cidade da Praia, o chefe do governo
cabo-verdiano, disse hoje confiar na justiça portuguesa, apelando igualmente à
serenidade relativamente a este caso. “Nós confiamos na justiça portuguesa, nas suas instituições. O processo
está em investigação criminal e esperamos que a justiça se faça com a
celeridade necessária e com a responsabilização” adequada,
declarou Ulisses Correia e Silva à margem de um evento público.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos, foi mortalmente
baleado na madrugada de segunda-feira por um agente da PSP no Bairro da Cova da
Moura, na Amadora. O homem, pai de três filhos, que segundo a PSP se
teria "posto em fuga" depois
de ver uma viatura policial e teria "resistido
à sua detenção", morreu
pouco depois de ser transportado para o Hospital São Francisco Xavier, em
Lisboa.
Ao contestar a versão policial sobre esta morte, a associação
SOS Racismo e o movimento Vida Justa exigiram uma investigação "séria a isenta” para apurar “todas as
responsabilidades".
Por sua vez, a Inspecção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito
urgente e a PSP anunciou igualmente um inquérito interno, sendo que o agente
que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no
Zambujal, bairro onde morava Odair Moniz, e, desde terça-feira, noutros bairros
da Área Metropolitana de Lisboa, nomeadamente Queluz, Alfragide, Camarate,
Carcavelos, Carnide, Mina de Água, Corroios, Caparica e Moita, onde foram
queimados caixotes do lixo e viaturas.
Mais de uma dezena de pessoas foram detidas. O motorista de um
autocarro sofreu queimaduras graves, após o ataque do veículo em Santo António
dos Cavaleiros, no concelho de Loures, e dois polícias receberam tratamento
hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.ANG/RFI
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