Angola/
UNITA apela à demissão do Presidente João Lourenço
Bissau,17 Out 24(ANG) - Em
Angola, multiplicam-se as reacções políticas ao discurso sobre o estado da
nação, proferido pelo Presidente João Lourenço, esta terça-feira.
Na altura, o Presidente
disse não ter responsabilidade quanto ao adiamento da criação das autarquias e
acabou por ser interrompido pela oposição que gritava "autarquias já".
Esta terça-feira, na
sequência do encerramento deste discurso de abertura do ano parlamentar, o
líder da UNITA, Liberty Chiaka,
pediu a João Lourenço que se demita e disponibilizou-se para apurar a
veracidade da “grave acusação” feita pelo Presidente angolano sobre o
envolvimento de políticos em crimes de contrabando e vandalismo.
"Procurámos
transmitir cinco mensagens principais: primeiro, Presidente demita-se! Está
provado que o Sr. Presidente da República não está mais na condição de governar
o país porque violou várias vezes a constituição e a lei. Em segundo lugar
porque quanto aos resultados concretos da sua governação, infelizmente o
governo falhou", começou por referir, em declarações recolhidas pela
agência de notícias Lusa.
Depois, Liberty Chiaka,
voltou a falar sobre a questão das autarquias. "Outra mensagem: o país
quer autarquias. Presidente, liberte os presos políticos. O Presidente está a
convidar os angolanos a manifestar-se com regojizo pelos 50 anos da
independência nacional, mas infelizmente este país passa fome. 17 milhões de
angolanos são pobres. 10 milhões de angolanos passam fome. Como é que vamos
manifestar-nos com regojizo pelos 50 anos quando temos angolanos que estão
presos, quando temos angolanos que passam fome, que são perseguidos? Temos
angolanos que são executado".
"Nós enquanto
deputados estamos à disposição de contribuirmos para se apurar a veracidade
desta grave acusação, mas é importante dizer que todos nós sabemos que os que
fazem o contrabando de combustível são dirigentes do regime. Em certa medida, o
Presidente estava a apontar às suas baterias, ao seu grupo parlamentar. Nós
sabemos também que existe um plano de usar o poder judicial e combater
adversários políticos", concluiu.
Já o presidente do PRS
(oposição angolana), Benedito
Daniel, rejeitou hoje que os políticos e deputados sejam promotores de
vandalismo dos bens públicos em Angola, em resposta ao Presidente angolano,
João Lourenço, que os acusou de serem “instigadores”.
"Foi o discurso
esperado. A expectativa acho que correspondeu mais ou menos porque todas as
áreas foram focadas. Eu acho que os partidos políticos não têm incentivado à
vandalização dos meios públicos porque os meios públicos apesar de serem do
estado, também pertencem aos partidos políticos e os partidos políticos têm
essa responsabilidade de preservar os meios", começou por salientar.
Benedito Daniel rejeita,
portanto, que os políticos sejam responsabilizados: "Ora, um comportamento
daqueles que estragam as coisas do país, que podemos considerar cidadãos
irresponsáveis não pode ser atribuído aos partidos políticos porque os partidos
políticos estão para educar os cidadãos, portanto, não são eles que contribuem,
muito menos que formam o vandalismo. Nós, os partidos políticos não somos
responsáveis pela vandalização dos meios públicos".ANG/RFI
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