Portugal/ Motins após morte de um
homem baleado pela polícia
Bissau, 24 Out 24 (ANG) - A Polícia de Segurança
Pública portuguesa promete "tolerância zero" a qualquer acto de
violência ou de desordem caso se repitam os distúrbios das últimas duas noites
em vários concelhos da Grande Lisboa, na sequência da morte de um homem baleado
pela polícia num bairro do concelho da Amadora.
A situação manteve-se calma durante o dia, mas há
apelos à serenidade nas próximas horas nestes bairros.
Durante o dia
sucedem-se apelos à calma à espera de perceber o que a noite trará. Alguma normalidade
marcou o dia, com as crianças nas escolas e muitos residentes nos seus empregos
como num dia comum, apesar do receio de novos distúrbios.
Quatro pessoas
ficaram feridas, incluindo dois polícias que foram apedrejados, na sequência de
60 focos de distúrbios registados durante a última noite em oito concelhos da
região de Lisboa.
A Polícia de
Segurança Pública efectuou três detenções pela alegada prática dos crimes de
dano qualificado e ofensa à integridade física qualificada. No total, foram
danificados dois carros da polícia, oito automóveis e inúmeros caixotes de
lixo.
Dois autocarros
foram incendiados, um deles no bairro do Zambujal, no concelho da Amadora, de
onde era originário um homem de 43 anos, de origem cabo-verdiana, que foi
mortalmente baleado pela polícia já no bairro da Cova da Moura, depois de
alegadamente ter fugido a uma patrulha policial.
Na versão da
polícia, ao ser abordado pelos agentes, este homem "terá resistido à detenção e tentado
agredi-los com recurso a arma branca". Pelo menos duas associações anti-racistas contestaram a versão policial e
exigiram uma investigação "séria e isenta". Foi
levantado um inquérito oficial ao caso pela Inspeção-Geral da Administração
Interna.
A população das zonas mais sensíveis queixa-se de falta de
experiência dos polícias que patrulham estes bairros da Grande Lisboa. A embaixada de Cabo Verde rejeita também as declarações públicas "que promovem a estigmatização de
comunidades imigradas".
Em declarações a diversos canais de televisão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pede que se evite uma
escalada de violência, mas reconhece que há, hoje em dia, pouco
tempo para analisar as razões para actuar a vários níveis.
"Como não há esse tempo, prevenir significa estar atento. Hoje é preciso actuar num tempo rapidíssimo em condições muito difíceis e para as quais as instituições não estão preparadas em muitos casos", declarou à televisão SIC.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário