Senegal/”Sessenta por cento das estruturas sanitárias não funcionam devido a inundações catastróficas”, diz especialista
Bissau, 29 Nov 24
(ANG9 – O chefe da plataforma médica regional da ONG Médicos sem Fronteiras,
Didier Mukeba, indicou, quinta-feira, em Dakar, que 60% das estruturas de saúde
não funcionam na África Ocidental e
Central por razões ligadas a inundações “catastróficas”.
“Estamos a viver uma
situação dramática ligada a inundações catastróficas. Hoje, em África, todos os
dados confirmam que 60% das estruturas de saúde não funcionam”, afirmou.
Didier Mukeba falou
durante uma mesa redonda sobre o impacto humanitário e sanitário das inundações
na África Ocidental e Central, com a participação de especialistas e
jornalistas.
“As inundações, se
não provocam a destruição das estruturas de saúde, destroem as estradas que
levam a elas, tornando-as inoperantes”, afirmou o responsável dos Médicos Sem
Fronteiras, acrescentando que o Chade, a Nigéria, a República Democrática do
Congo, Mali e Níger são os países mais impactados.
O especialista
indicou ainda que as necessidades no terreno são enormes, porque “só o Chade
regista 1,4 milhões de pessoas deslocadas; a República do Congo 600.000''.
Nesta situação de
inundações catastróficas, as clínicas móveis são substituídas por clínicas
flutuantes, segundo o doutor Mukabe, que acrescenta que “crianças não
vacinadas, mulheres grávidas, pessoas com doenças crónicas são potenciais
vectores de epidemias”.
Presente na mesa
redonda, a especialista em clima e saúde, Marie Jeanne Sambou, apelou ao
estabelecimento “com urgência de um sistema de adaptação de medidas preventivas
face a estes acontecimentos”.
“As ligações entre
clima, saúde e alimentação são enormes e complexas. A perturbação climática
leva à insegurança alimentar, porque assim que há problemas de inundações,
vidas são perdidas, o gado morre”, destacou.
“Com as ondas de
calor, as doenças não vetoriais intensificam-se e poderão sê-lo ainda mais no
futuro”, alertou o especialista em clima e saúde.
Para lidar com o
fenómeno, apelou à construção de estruturas de saúde resilientes e adaptadas a
futuros eventos climáticos.
“Deixar de depender
da eletricidade e instalar sistemas solares nas estruturas de saúde pode ajudar
a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa”, sugeriu, por exemplo, a
doutora Marie Jeanne Sambou. ANG/FAAPA
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