segunda-feira, 21 de julho de 2025

 EUA/Abertura do processo da Universidade de Harvard contra a administração Trump

Bisssau, 21 Jul 25 (ANG) - O processo entre a Universidade de Harvard e a administração de Donald Trump acusada pela prestigiosa instituição de não respeitar a suas obrigações financeiras, depois de ter decidido congelar nestes últimos meses os seus subsídios à pesquisa,começa esta quinta-feira em Boston.


Acusada por Trump de antissemitismo e de promover uma "ideologia woke", Harvard acusa igualmente o actual poder de tentar interferir no seu conteúdo académico, contrariando qualquer regra de independência.

Em questão estão os cortes de subsídios federais à Universidade de Harvard decididos em Abril pela administração Trump. Na senda das manifestações ocorridas no ano passado naquela e noutras universidades americanas em protesto contra a ofensiva do governo israelita na Faixa de Gaza, o executivo americano acusou Harvard de incentivar comportamentos antissemitas e exigiu daquela universidade o fim dos programas que promovem a diversidade e os ensinamentos que "alimentam o assédio antissemita".

Perante a recusa de Harvard de se conformar a estas exigências, a administração republicana anunciou em Abril o congelamento de "2,2 bilhões de Dólares de subsídios ao longo de vários anos" bem como o de "contratos plurianuais no valor de 60 milhões de dólares", sendo que em Maio lhe foram retiradas as isenções fiscais que lhe eram até então garantidas por lei.

Em resposta, a Universidade entrou com uma acção judicial, acusando o governo de violar os seus direitos garantidos pela Primeira Emenda, nomeadamente através de uma "política de expulsões baseadas na ideologia".

Paralelamente, a mais antiga universidade do país e a administração americana têm tentado chegar a um entendimento, Donald Trump tendo inclusivamente declarado em Junho que um acordo estava prestes a ser concluído. Todavia, até agora não houve nenhum anúncio oficial neste sentido, as exigências da Casa Branca não tendo parado de aumentar.

No passado dia 9 de julho, o executivo exigiu que Harvard forneça informações detalhadas sobre os estudantes internacionais e as manifestações pró-palestinianas, tendo sido apresentada uma ordem para obrigar a universidade transmitir aos serviços de imigração (ICE) os "documentos relevantes" dos últimos cinco anos.

Neste contexto, a universidade de Harvard espera obter um julgamento favorável que possa reforçar a sua legitimidade nas negociações com o executivo.

De referir que esta não é a única universidade a ser alvo de Donald Trump. A administração que não esconde a intenção de mudar o paradigma cultural dos Estados Unidos, nomeadamente no que tange ao ensino superior, também ameaçou a prestigiada Universidade de Columbia em Nova Iorque de lhe retirar a sua acreditação, o que teria por efeito de ficar sem financiamento federal. Também sob pressão, o Presidente da Universidade da Virgínia anunciou a sua demissão no passado dia 28 de Junho, na sequência da abertura de um inquérito sobre as práticas da instituição para promover a diversidade.ANG/RFI

 

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