Reino Unido/Londres e Berlim recusam para já reconhecer Palestina como Estado
Bissau, 25 Jul 25 (ANG) - O Reino Unido e a Alemanha afirmaram hoje ser cedo para reconhecer o Estado da Palestina, com Londres a considerar que só "depois de resolvida a crise humanitária" e Berlim a excluir essa possibilidade "no curto prazo".
Um dia depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron,
ter anunciado que a França irá reconhecer o Estado da Palestina, o que
formalizará na Assembleia Geral da ONU, em setembro, Londres sustenta que ainda
estão por reunir as condições necessárias e que a prioridade é solucionar a
grave crise humanitária na Faixa de Gaza.
O secretário de Estado britânico, Peter
Kyle, afirmou que, embora o reconhecimento do Estado palestiniano "seja um
compromisso claro" do Governo do Reino Unido, neste momento "o
essencial é concentrar esforços na emergência" humanitária que assola a
Faixa de Gaza, onde a fome se agrava a cada dia.
"Faremos tudo o que estiver ao
nosso alcance, para criar as condições para negociar os objetivos de um Estado
palestiniano duradouro e a segurança de que necessita", afirmou, num momento
em que cresce a pressão sobre o primeiro-ministro Keir Starmer para que siga os
passos da França ou, como já fizeram em maio de 2024, a Espanha, a Irlanda e a
Noruega.
Starmer tem agendada para hoje uma
conversa telefónica com Macron e com o chanceler alemão, Friedrich Merz, para
abordar a grave crise humanitária na Faixa de Gaza e tentar desbloquear uma
ajuda humanitária que está a ser gerida por Israel sob fortes críticas de
organizações internacionais.
Também hoje, 125 deputados conservadores
e trabalhistas pediram a Starmer que deixe de adiar a decisão e que reconheça o
Estado da Palestina, considerando tratar-se de uma declaração
"particularmente significativa" dado "o papel histórico do Reino
Unido como autor da Declaração Balfour e antiga Potência Mandatária na
Palestina".
"Desde 1980, temos apoiado a
solução dos dois Estados. O reconhecimento daria consistência a essa posição e
corresponderia à responsabilidade histórica que temos para com o povo sob esse
Mandato", refere a carta, apresentada pela presidente da Comissão
Parlamentar para o Desenvolvimento Internacional, Sarah Champion.
Em Berlim, o Governo alemão afirmou que
"não considera reconhecer um Estado palestiniano a curto prazo".
"[A Alemanha] continua a considerar
o reconhecimento de um Estado palestiniano como um dos passos finais para a
solução de dois Estados", afirmou o governo alemão num comunicado,
reiterando que a segurança de Israel "é de suma importância" para
Berlim.
O Presidente e o primeiro ministro de
Israel, respetivamente Isaac Herzog e Benjamin Netanyahu, criticaram já a
decisão de Macron, considerando que "não promoverá a paz no Médio Oriente,
a derrotar a ameaça do terrorismo a trazer os reféns israelitas em poder o
Hamas.
Netanyahu, por seu lado, defendeu que um
Estado palestiniano nestas condições "seria uma plataforma de lançamento
para a aniquilação de Israel, não para viver em paz ao lado dele",
sublinhando que a decisão de Macron "recompensa o terror e corre o risco
de criar mais um satélite iraniano, tal como Gaza se tornou".
O líder da oposição israelita, Yair
Lapid, também expressou indignação nas redes sociais: "Os palestinianos
não devem ser recompensados pelos ataques de 07 de outubro [de 2023], nem pelo
seu apoio ao Hamas. Um governo em funcionamento, mesmo com trabalho diplomático
básico, poderia ter evitado este anúncio prejudicial".
No total, 148 Estados já reconhecem a
Palestina, três quartos dos membros da ONU. Os Estados Unidos e Israel opõem-se
a este plano.
França vai reconhecer o Estado da Palestina na
Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, em setembro, anunciou hoje o
presidente Emmanuel Macron. ANG/RFI

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