França/RSF alerta para sinais de repressão à liberdade de
imprensa na Guiné-Bissau
Bissau, 18 Ago 25 (ANG) – A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considerou a decisão das autoridades guineenses em expulsar os órgãos de comunicação portugueses RTP, RDP e Lusa como “um sinal preocupante para o pluralismo e para o direito à informação”.
A
Guiné-Bissau anunciou, na passada sexta-feira, 15 de Agosto, a expulsão de dois
órgãos de comunicação social portugueses: a agência de notícias Lusa e os
canais públicos RDP/RTP, cujos programas se encontram desde então suspensos. A
decisão foi comunicada sem qualquer explicação oficial por parte das
autoridades guineenses.
Para
o director do escritório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para a África
Ocidental, Sadibou Marong, trata-se de um “sinal preocupante para o pluralismo e para o direito à
informação”.
Em
declarações à imprensa, Sadibou Marong, afirmou que a medida constitui “uma espécie de aviso” que
poderá reforçar a auto-censura nos meios de comunicação locais e nacionais,
sobretudo num contexto em que a Guiné-Bissau se prepara para eleições
presidenciais. Segundo o responsável da RSF, a decisão das autoridades pode
contribuir para reforçar a auto-censura em torno de temas de interesse
nacional.
A
organização recorda ainda que este episódio não surge de forma isolada.
Recentemente, o correspondente da RTP na Guiné-Bissau, Waldir Araujo, foi alvo
de uma agressão perpetrada por indivíduos ainda não identificados. Para a RSF,
este ataque não deve ficar impune, sob pena de agravar a auto-censura já
disseminada entre os jornalistas no país.
“É extremamente importante que as autoridades levantem esta
suspensão”, apelou Sadibou Marong, acrescentando que é necessária uma
investigação transparente para identificar e levar à justiça os autores da
agressão contra o jornalista da RTP. A RSF defende a adopção de todas as
medidas indispensáveis para garantir que os profissionais da comunicação social
possam exercer o seu trabalho sem receio de represálias.
Este
domingo, em visita a Cabo Verde, o Presidente guineense recusou dar
esclarecimentos sobre o caso, limitando-se a afirmar que “o problema é entre a Guiné-Bissau e
Portugal”. A medida tem gerado fortes críticas: em Portugal, o
governo manifestou o seu repúdio, e a Liga Guineense dos Direitos Humanos
denunciou um “ataque
contra a liberdade de imprensa e contra o Estado de Direito”.
ANG/RFI

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