ONU/A França e outros países reconhecem o Estado da Palestina nesta segunda-feira na ONU
Bissau, 22 Set 25 (ANG) – A 80ª Assembleia Geral da ONU começa nesta segunda-feira, em Nova Iorque sob o signo da conflitualidade, com a guerra na Ucrânia, a violação do espaço aéreo da Estónia que vai estar no centro de uma reunião de urgência do Conselho de Segurança nesta segunda-feira, e sobretudo a situação no Médio Oriente, com o reconhecimento hoje do Estado da Palestina por uma série de países, nomeadamente a França.
Neste primeiro dia de Assembleia Geral, a França preside
juntamente com a Arábia Saudita uma cimeira juntando vários líderes mundiais
para evocar uma solução a dois Estados entre palestinianos e israelitas. No
âmbito desta reunião boicotada por Israel e pelos Estados Unidos, o Presidente
francês vai oficializar o reconhecimento pelo seu país do Estado palestiniano.
A França, assim como Andorra, a Bélgica, o Luxemburgo, Malta e
San Marino vão juntar-se hoje ao Reino Unido, Portugal, o Canadá e a Austrália
que formalizaram ontem o reconhecimento da Palestina, fazendo ascender a mais
de 145 o número de países, sobre um total de 193, que reconhecem a Palestina
como Estado.
Este movimento encetado em 1988 pela Argélia que foi o primeiro
país do mundo a reconhecer a Palestina, foi acompanhado por uma série de outros
países africanos, com excepção dos Camarões que continuam a não a reconhecer
esse território, sendo que a Rússia, os países do antigo bloco de leste e uma
parte significativa dos países europeus também reconhecem a Palestina.
Excepções notáveis, para além de Israel e dos Estados Unidos que
se opõem a esse reconhecimento, a Alemanha e a Itália não encaram essa
eventualidade no imediato, vários países asiáticos, como o Japão ou a Coreia do
Sul, a maioria dos países da Oceânia e ainda o Panamá, na América Latina, não
reconheceram até ao momento a Palestina.
Ainda antes da abertura da Assembleia Geral da ONU, tanto
Telavive como Washington disseram encarar a possibilidade de represálias contra
os países que reconhecem a Palestina, nomeadamente a França, o chefe do governo
israelita reiterando que "nunca haveria um Estado
palestiniano" e que poderia expandir ainda mais a
colonização já em curso na Cisjordânia.
"Não devemos sentir-nos intimidados pelo risco de represálias,
porque seja o que for que façamos, essas acções vão continuar", retorquiu o secretário-geral da ONU, António Guterres,
referindo-se à guerra em Gaza e ao que qualificou de "anexação insidiosa da
Cisjordânia",
numa altura em que -recorde-se- peritos da ONU acabam na semana passada de
acusar o governo de Netanyahu de "genocídio" em Gaza.
É neste contexto que, apesar de nem ele, nem os restantes
representantes palestinianos terem obtido visto para Nova Iorque, o Presidente
da alta Autoridade Palestiniana deveria intervir por videoconferência na
Assembleia Geral. Comentando essa onda de reconhecimentos, Mahmud Abbas
considerou que se trata de "um passo importante e necessário para
concretização de uma paz justa e duradoura".
Há também muita expectativa em torno do discurso do Presidente
americano amanhã na Tribuna da ONU, sendo que Netanyahu deve expressar-se na sexta-feira,
praticamente dois anos depois de lançar uma guerra que matou mais de 65 mil
palestinianos, essencialmente civis, na Faixa de Gaza, após o ataque do Hamas a
7 de Outubro de 2023, durante o qual morreram 1.219 pessoas em Israel.ANG/RFI

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