Golpe de Estado/LGDH
denuncia “detenções ilegais e arbitrárias"
Bissau, 01 Dez 25(ANG) – O presidente da Guineense dos Direitos Humanos(LGDH), denunciou domingo casos de dezenas de detenções que diz serem "ilegais e arbitrárias" na sequência do golpe Militar de 26 de novembro.
Em entrevista à Lusa por telefone a partir de Lisboa, o presidente da Liga
Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, disse que "cinco magistrados
do Ministério Público foram detidos logo no primeiro dia deste “alegado golpe
de Estado", bem como o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE),
Mpabi Kabi, e membros do secretariado da CNE.
Indicou que foram ainda detidos o presidente do PAIGC, Domingos Simões
Pereira, o deputado do mesmo partido Octávio
Lopes, e Roberto Mbesba, da diretoria de campanha do opositor Fernando Dias.
"Não sabemos quais as motivações, mas presume-se que tem a ver com o
papel nas operações de apuramento dos resultados eleitorais, porque nos termos
da nossa legislação eleitoral, os magistrados do Ministério Público participam
como observadores na diferentes fases de operações de apuramento eleitoral, e
na altura houve informações que algum desses magistrados terão impedido
intenções de adulterar os resultados eleitorais", explicou Bubacar Turé,
considerando que "estas detenções acabam por confirmar esses
rumores".
Segundo o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, estes detidos
continuam em paradeiro incerto.
Bubacar Turé referiu ainda que um número indeterminado de dirigentes políticos também foram "ilegal e arbitrariamente
detidos", bem como cerca de 30 jovens que foram presos e "brutalmente
espancados".
A
divulgação dos resultados oficiais das eleições estava agendada para
quinta-feira, 27 de novembro, um dia antes da tomada de poder pelos militares.
A liga refere ter também
conhecimento de mais de 10 casos de invasões de domicílios de cidadãos sob pretexto de buscas, que, na sua perspetiva, “são
ilegais”, uma vez que não têm nenhum enquadramento judicial nem foram
determinadas por magistrados.
"Estamos profundamente preocupados com a vida e a integridade física
de todos os detidos, [...] continuamos a exigir a libertação imediata e
incondicional de todas essas pessoas e responsabilizamos as autoridades militares
pela vida e integridade física destas pessoas", afirmou Bubacar Turé.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos apelou à Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO), para colocar nas suas prioridades a exigência
da libertação dos detidos e da conclusão do processo eleitoral.
"A única maneira de salvar a Guiné-Bissau, de permitir o retorno da
paz, da governabilidade, permitir o regresso à ordem constitucional é a
conclusão do processo eleitoral, que significa a publicação dos resultados eleitorais,
a criação de condições de segurança que permitam a tomada de posse do novo
Presidente da República, e depois criar condições para o novo Governo, para que
o país possa voltar à normalidade constitucional e as instituições democráticas
possam voltar a funcionar plenamente", salientou Bubacar Turé.
As eleições, que decorreram sem registo de incidentes no passado dia 23 de Novembro,
realizaram-se sem a participação do principal partido da oposição, o PAIGC, e do seu candidato, Domingos Simões Pereira,
excluídos da disputa, e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando
Dias da Costa.
Dias tinha reclamado vitória na primeira volta sobre o Umaro Sissoco
Embaló, candidato a um segundo mandato. A divulgação dos resultados oficiais
das eleições estava agendada para quinta-feira, 27 de Novembro.
A tomada de poder pelos militares, que destituíram o Presidente
cessante, Umaro Sissoco Embaló, e suspenderam o processo eleitoral, foi condenada
pela comunidade internacional e está a ser denunciada pela oposição como uma
manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.ANG/Lusa

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