Israel/Guterres diz que Gaza é “crise da humanidade” onde ninguém está seguro
Bissau, 07 Nov 23(ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o “pesadelo” em Gaza é “uma crise da humanidade”, onde “ninguém está seguro”, revelando que já morreram mais jornalistas em quatro semanas do que em qualquer conflito nos últimos 30 anos.
Em declarações à
imprensa na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Guterres disse
que Gaza está a tornar-se “num cemitério de crianças” e afirmou-se
“profundamente preocupado” com as “claras violações do direito humanitário
internacional” no terreno.
“A intensificação do
conflito está a abalar o mundo, a região e, o que é mais trágico, a
destruir tantas vidas inocentes. As operações terrestres das Forças de
Defesa de Israel e os bombardeamentos contínuos estão a atingir civis,
hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU
– incluindo abrigos. Ninguém está seguro”, disse.
Além do número recorde
de jornalistas mortos em quatro semanas, o secretário-geral disse
ainda que foram mortos mais trabalhadores humanitários das Nações Unidas do que
em qualquer período comparável na história da organização.
Só na Agência das Nações
Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), 89
trabalhadores foram mortos em Gaza desde o início da ofensiva israelita no
enclave.
“Deixem-me ser claro:
nenhuma parte num conflito armado está acima do direito humanitário internacional”,
reforçou, reiterando a sua “total condenação dos abomináveis atos de
terror perpetrados pelo Hamas” em 07 de Outubro e repetindo os apelos pela
libertação imediata, incondicional e segura dos reféns detidos em Gaza.
Guterres apontou
ainda que o grupo islamita Hamas e outros militantes continuam a
utilizar civis como escudos humanos e a lançar foguetes
indiscriminadamente contra Israel.
“Nada pode justificar a
tortura, morte, ferimentos e rapto deliberados de civis. A proteção dos civis
deve ser primordial”, frisou.
O ex-primeiro-ministro
português salientou que a catástrofe que se desenrola torna a necessidade
de um cessar-fogo humanitário “mais urgente a cada hora que passa”.
De acordo o líder da
ONU, quer as partes em conflito, quer a comunidade internacional, têm
a responsabilidade imediata e fundamental de pôr fim a este “sofrimento
coletivo desumano” e “expandir dramaticamente a ajuda humanitária a Gaza”.
“O caminho a seguir é
claro: um cessar-fogo humanitário. Agora. Todas as partes respeitando todas as
suas obrigações sob o direito humanitário internacional. Agora. A libertação
incondicional dos reféns em Gaza. Agora. A proteção de civis, hospitais,
instalações da ONU, abrigos e escolas. Agora”, afirmou.
“Mais alimentos, mais
água, mais medicamentos e, claro, combustível (…) agora. Acesso irrestrito
para entregar suprimentos a todas as pessoas necessitadas em Gaza. Agora. E o
fim do uso de civis como escudos humanos. Agora. Nenhum destes apelos deve
estar condicionado aos outros. E para tudo isto, precisamos de mais
financiamento – agora”, insistiu.
Paralelamente, o chefe
da ONU disse estar profundamente preocupado com o aumento do antissemitismo e
da intolerância anti-muçulmana ao redor do mundo, apelando a que
a retórica de ódio e as ações provocativas cessem.
Também a possibilidade
de o conflito se espalhar por toda a região foi abordada pelo secretário-geral,
indicando que já se está a assistir a uma espiral de escalada desde o
Líbano e a Síria, até ao Iraque e ao Iémen.
“Essa escalada deve
parar”, instou.
Guterres concluiu o seu
pronunciamento defendendo uma solução de dois Estados, “com israelitas e
palestinianos a viverem em paz e segurança”.
Mais de 10 mil pessoas
morreram na Faixa de Gaza desde que as Forças de Defesa de Israel iniciaram a
sua campanha de ataques para responder aos ataques levados a cabo pelo Hamas em
07 de outubro, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo
movimento islamita, que relata a morte de mais de 4.100 crianças.
As informações divulgadas
pelo Hamas, organização considerada terrorista pela União Europeia (UE) e
Estados Unidos, não foram confirmadas de forma independente.
As autoridades
palestinianas também aumentaram para 155 o número de palestinianos mortos na
Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, provocados por disparos das forças
israelitas e ataques de colonos, desde 07 de Outubro, quando o Hamas realizou
ataques contra Israel que deixaram quase 1.400 mortos e mais de 240 pessoas
raptadas. ANG/Inforpress/Lusa
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