quarta-feira, 19 de agosto de 2020

 Justiça/PGR defende necessidade de combater corrupção para diminuir desigualdade na sociedade guineense   

Bissau, 19 Ago 20 (ANG)- O Procurador-Geral da República (PGR) defendeu esta quarta-feira a  necessidade de combater a corrupção no  país com a finalidade de diminuir

a desigualdade na sociedade.

Fernando Gomes falava na cerimónia de empossamento dos membros da Comissão de Recuperação de todos os bens que pertencem ao Estado.

Gomes informou que a iniciativa de criar a referida comissão é para aliviar a sociedade, as instituições e o país de uma praga que retira a credibilidade a qualquer esforço de reconstrução política e social.

“Preocupa-me a situação da justiça, é certo, mais ainda preocupa-me o estado da democracia, porque, alicerçado em valores sólidos e  comportamentos inquestionáveis, a justiça fica garantida e a democracia torna-se intocável”, disse aquele responsável.

O PGR afirmou que a corrupção é um flagelo que está enraizado na sociedade  e no dia-a dia com custos humanos que ultrapassam as perdas monetárias derivadas de suborno, dos desvios financeiros, do peculato ou de fraude.

Sustentou que está a referir  as variedades dos actos de corrupção que podem também custar vidas humanas como por exemplo, o tráfico de armas e de estupefacientes, a comercialização e aconselhamento do uso de medicamentos contrafeitos, a obtenção de ganhos na utilização de materiais de baixa qualidade em obras pública entre outros.

“É a corrupção que, ao distorcer as relações políticas, sociais, e económicas reduz a eficiência do desempenho nacional, anula a equidade e aumenta a desigualdade, favorece os que se encontram em posições vantajosas para comprarem favores e gerirem influências, faz com que os negócios impliquem custos desmesurados que se repercutem nos consumidores e aparentemente justifica que os recursos públicos sejam gastos, de forma incontrolada, gerando desperdícios de que ninguém é responsável”, referiu Fernando Gomes.

Acrescentou que a situação de corrupção faz com que os pobres sejam mais pobres, os ricos sejam cada vez mais ricos e a classe média siga inexplicavelmente para a extinção.

Fernando  Gomes apelou aos cidadãos que, por ventura, tivessem desviado ou adquirido de forma fraudulenta algum fundo ou património público (bens móveis ou imóveis) que procedessem à devolução voluntária ao Estado, na qualidade do legítimo proprietário dos mesmos.

“O Ministério Público em colaboração com outros Órgãos do Estado farão profunda investigações e inspecções à todos os Ministérios, instituições e serviços da administração directa ou indirecta do Estado com o objectivo de recuperar todos os fundos, patrimónios e  detectar outras situações também gravosas para o Estado, propondo as medidas a aplicar designadamente encaminhando os seus autores para a Justiça”, informou Gomes.

O PGR explicou ainda que a referida comissão terá competências para  proceder  o levantamento de situações de corrupção activa e passiva que envolvam os seguintes aspectos: criminalidade económica e financeira, branqueamento de capitais, tráfico de influência, apropriação ilegítima de bens públicos, administração danosa, peculato, enriquecimento sem causa, participação económica em negócios, abuso de poder ou violação de dever de segredo,  má gestão de dinheiros públicos, entre outros.~

Por sua vez, um dos recém-empossados, Franklin Vieira disse estar consciente de que a tarefa da comissão  não será fácil, mas que está confiante de que farão de tudo para atingir a meta.

“Normalmente, quem adquire o património do Estado deve ter um registo que justifique o mesmo, por isso, teremos as pistas para seguir de modo a tornar um pouco mais fácil o nosso trabalho”, disse Vieira.

A Comissão de Inventário de Bens de Estado é composto por seguintes membros: o procurador-Geral Adjunto que será o coordenador, Inspectores do Ministério de Administração Territorial e Poder Local , da Polícia Judiciária e por  Técnicos Superiores do Tribunal de Contas, do Ministério das Obras Públicas, da Direcção Geral das Alfândegas, da Direcção Geral de  Património do Estado, da Direcção Geral de Transportes Terrestres, de Conservatório de Registo Predial, comercial e Automóvel e da Câmara Municipal de Bissau.

Fazem parte da referida comissão  10 instituições do Estado, mas apenas seis estavam presentes na tomada de posse. ANG/AALS//SG

 

 

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