Burkina Faso/"Um golpe
militar não vai resolver os problemas do Burkina Faso", afirma MNE
português
Bissau,07
Out 22(ANG) - O chefe da diplomacia portuguesa João Gomes Cravinho foi recebido
na manhã de quinta-feira pela directora geral da UNESCO, Audrey Azoulay, em
Paris.
À
saída do encontro, ao ser questionado sobre o golpe de Estado do passado dia 30
de setembro, no Burkina Faso, João Gomes Cravinho condenou esta segunda
desestabilização política no espaço de poucos meses e lembrou que isto não vai
resolver os problemas do país.
"O
Burkina Faso viveu o seu segundo golpe de Estado este ano e é um exemplo da
tremenda fragilidade que afecta todos os países daquela região. Nós estamos
convencidos de que só uma intervenção de fundo que tenha uma dimensão militar,
mas também uma dimensão de promoção do desenvolvimento e uma dimensão
humanitária pode corresponder”, salientou.
Acrescentou
que, um golpe militar não vai evidentemente resolver os problemas de fundo que
se colocam ao Burkina Faso, tal como os dois golpes militares que houve no
Mali, também não responderam às necessidades daquele país.
“Preocupa-nos
muito a instabilidade em toda aquela região que tem vindo a piorar nos últimos
anos e meses. Em relação ao Burkina Faso, não acreditamos que se tenha dado um
passo positivo", comentou o chefe da diplomacia portuguesa.
Ao comentar por outro lado o
desempenho de potências estrangeiras na região e em particular a Rússia,
acusada pelos países ocidentais de enviar mercenários para o terreno,
nomeadamente no Mali e na República Centro-Africana, João Gomes Cravinho
qualificou a actuação deste país de "nociva".
"A
Rússia é um factor desestabilizador, é um factor nocivo. Tem um conjunto de
mercenários no Mali e tal como na República Centro-Africana. é importante
lembrar como é que funcionam estes mercenários. Eles não são pagos porque as
autoridades locais não têm dinheiro para os pagar mas estão lá a troco de
concessões de minérios e, portanto, têm um modelo de negócio que se baseia na
promoção da insegurança porque isso é a razão para eles lá estarem”, explicou.
Afirmou
que, entretanto, vão extraindo as matérias-primas das minas da República
Centro-Africana e do Mali. “É extremamente nocivo e muito penalizador e,
obviamente, contribui para o objectivo da Rússia que é ter a sul da Europa um
factor de instabilidade", disse o governante em
entrevista a Lígia Anjos.
Refira-se que na
quarta-feira, o chefe dos golpistas, o capitão Ibrahim Traoré foi oficialmente
designado Presidente do Burkina Faso.
O jovem capitão de 34 anos
que sucedeu ao tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, chegado igualmente
ao poder pela força em Janeiro de 2022, prometeu no começo da semana cumprir um
período de transição curto, com a restituição do poder aos civis em 2024 ou
eventualmente antes "se as
condições o permitirem", conforme tinha sido estabelecido pelos
seus antecessores juntamente com a comunidade internacional.ANG/RFI
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