Coreia do Sul/Seul sobe ajuda ao desenvolvimento em África em troca de reforço da cooperação nos minerais
Bissau, 04 Jun 24 (ANG) - A Coreia do Sul vai
aumentar a ajuda ao desenvolvimento em África e aprofundar a cooperação em
matéria de minerais e tecnologias essenciais, anunciou hoje o Presidente Yoon
Suk Yeol, no lançamento da primeira cimeira Coreia-África em Seul.
Yoon
instou ainda as dezenas de chefes de Estado e de governo africanos presentes a
darem passos mais firmes numa campanha de pressão internacional contra a Coreia
do Norte, numa altura em que as relações entre as duas Coreias, divididas pela
guerra, se deterioram.
Representantes
de 48 países africanos, incluindo 25 chefes de Estado, participam na cimeira de
dois dias, onde se espera que as conversações se centrem no comércio e no
investimento.
Entre
estes, os Presidentes moçambicano, Filipe Nyusi, e os homólogos cabo-verdiano e
são-tomense, José Maria Neves e Carlos Vila Nova, marcam presença. O Presidente
angolano, João Lourenço, visitou a Coreia do Sul no final de abril também
durante dois dias, em que manteve encontros de alto nível, para identificar
“novas áreas de parcerias”.
Atualmente,
o comércio do país asiático com os países africanos representa menos de 2% do
total das importações e exportações da Coreia do Sul.
Para
a Coreia do sul, a expansão dos laços com África na área dos minerais e
recursos é essencial para melhorar a resiliência da cadeia de abastecimento do
país em setores tecnológicos fundamentais.
À
abertura dos trabalhos hoje, sucede-se um período de conversações de alto nível
com o objetivo de melhorar a cooperação em vários domínios, à cabeça dos quais
pontua o setor dos minerais.
África
é uma importante fornecedora de minerais como o níquel, cobalto, grafite e
lítio, cruciais para as indústrias tecnológicas, como os semicondutores,
baterias e veículos elétricos, que são os principais produtos de exportação da
Coreia do Sul.
A
Coreia do Sul está a enfrentar desafios crescentes para garantir o fornecimento
estável de minerais essenciais, tendo até à data assegurado um número muito
menor de minas no continente do que alguns concorrentes diretos como a China,
Estados Unidos, ou Japão.
Yoon
afirmou que a Coreia do Sul tenciona aumentar as suas contribuições para a
ajuda ao desenvolvimento em África para cerca de 10 mil milhões de dólares (9,2
mil milhões de euros) até 2030 e disponibilizar separadamente 14 mil milhões de
dólares (12,88 mil milhões de euros) em financiamento às exportações para
incentivar o investimento sul-coreano no continente.
"Também
iremos explorar formas sustentáveis de cooperação em questões que estão
diretamente ligadas ao crescimento futuro, incluindo o fornecimento estável de
minerais críticos e a transformação digital", anunciou Yoon.
Uma
colaboração mais forte na construção de infraestruturas sustentáveis em África,
incluindo cidades inteligentes baseadas em dados e sistemas de transporte
inteligentes, foi outro dos compromissos anunciados por Seul.
A
aproximação da Coreia do Sul a África ocorre numa altura em que a Coreia do
Norte está a tornar-se mais ativa na tentativa de sair do seu isolamento
diplomático e construir relações de cooperação com países que fazem frente aos
Estados Unidos na arena internacional.
O
líder norte-coreano, Kim Jong Un, que diz que o mundo está a viver uma
"nova Guerra Fria", aumentou nos últimos meses a visibilidade dos
seus laços com a Rússia e a China e enviou uma delegação governamental ao Irão.
A
Coreia do Norte mantém relações de longa data com várias nações africanas,
incluindo o Uganda, Zimbabué e Moçambique, embora alguns governos da região
tenham reduzido os seus laços com Pyongyang, devido ao reforço das sanções da
ONU sobre os seus programas de armas nucleares e mísseis.
Há
anos que os peritos da ONU acusam a Coreia do Norte de obter receitas ilícitas
de África através de projetos de infraestruturas, venda de armas e outras
atividades.
Yoon
descreveu hoje a situação de segurança da Península Coreana como estando num
"estado muito grave", na sequência de uma série de provocações e
atividades militares norte-coreanas, incluindo o lançamento sem êxito de um
satélite de reconhecimento militar no mês passado.
"Juntamente
com os nossos amigos em África, a Coreia do Sul aplicará integralmente as
resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e trabalhará para
salvaguardar a paz na Península da Coreia e na comunidade internacional",
afirmou Yoon. ANG/Lusa
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