Ucrânia/”Guerra entrou em fase perigosa de
cenário assustador ao nível nuclear”, diz Josep Borrell
Bissau, 06 Out (ANG) – O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep
Borrell, considerou quarta-feira que a guerra da Ucrânia, causada pela invasão
russa, está agora “numa fase perigosa” devido ao “cenário assustador” relativo
às armas nucleares da Rússia.
“A guerra continua e as notícias do campo de batalha são boas para a
Ucrânia. A Ucrânia está a voltar à ofensiva, [mas] a guerra entrou numa nova
fase, uma fase que é sem dúvida perigosa porque estamos perante um cenário
assustador, ao qual não devemos fechar os olhos”, declarou o Alto representante
da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
Intervindo num debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade
francesa de Estrasburgo, Josep Borrell falou num “cenário de uma guerra
convencional envolvendo uma potência nuclear, uma potência nuclear que está
actualmente a recuar no cenário convencional e que ameaça utilizar armas
nucleares”.
“É certamente um cenário preocupante, no qual temos de mostrar que o nosso
apoio à Ucrânia não está a vacilar”, sublinhou.
Apesar de vincar que “a Ucrânia está a avançar em três frentes, no Donbass,
[…], no centro sul de Zaporijia, avançando para Mariupol, e finalmente em
Kherson”, o chefe da diplomacia comunitária apontou que a Rússia “ainda tem a
superioridade numérica, a superioridade do poder de fogo”, razão pela qual é
necessária cautela.
Hoje mesmo, os Estados-membros da UE chegaram a acordo político sobre novas
sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia, um oitavo pacote que deverá entrar em
vigor na quinta-feira como “forte resposta” à anexação de territórios
ucranianos.
Proposto pela Comissão Europeia na passada quarta-feira, face à “nova
escalada” russa com a realização de “referendos fraudulentos”, à mobilização
parcial e à ameaça de recurso a armas nucleares, o novo pacote de sanções da
União Europeia inclui um teto ao preço do petróleo russo, novas restrições ao
comércio para privar a Rússia de cerca de sete mil milhões de euros de
receitas, uma proibição de exportações de mais produtos para privar o Kremlin
de tecnologias-chave para a máquina de guerra russa e uma actualização da lista
de indivíduos e entidades alvo de medidas restritivas.
Em concreto, a UE acrescentou à lista de sanções individuais os
responsáveis pró-russos nas regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e
Zaporijia, ocupadas pela Rússia.
Nos últimos dias, registaram-se inclusive ataques russos contra a zona da
central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, depois de o
Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado uma mobilização parcial de 300
mil reservistas russos.
“A situação do exército russo é muito má. Entre outras coisas, porque os
soldados russos não sabem para que serve a guerra e os 300 mil que serão
levados das suas casas para a frente de batalha compreenderão ainda menos, pelo
que a guerra pode ser ganha no campo de batalha, mas deve ser ganha sobretudo
no campo das ideias. Além da guerra em si, há outra guerra, que é a guerra pela
supremacia dos valores”, disse ainda quarta-feira Josep Borrell.
E numa altura em que se temem rupturas no abastecimento russo à UE,
nomeadamente de gás, o chefe da diplomacia comunitária vincou que o Presidente
russo, Vladimir Putin, “está à espera do frio, de cortes no fornecimento de
gás, de preços elevados e temperaturas baixas para minar a vontade europeia de
continuar a apoiar a Ucrânia”.
“Este é o lugar para pedir aos europeus que compreendam o que está em jogo
porque o nosso apoio à Ucrânia não é apenas uma questão de generosidade, o
nosso apoio à Ucrânia deve ser infalível porque a segurança da Ucrânia está
intrinsecamente ligada à nossa própria segurança”, adiantou.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro passado.ANG/Inforpress/Lusa
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