segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Religião/Alto Comissariado para peregrinação 2025 lança campanha de ida à Meca

Bissau 10 Fev 25 (ANG) – O Alto Comissariado para a peregrinação 2025 ,lançou hoje, oficialmente, a campanha para a ida dos fiéis muçulmanos à cidade Santa de Meca .

Falando na cerimónia, Califa Soares Cassamá frisou que, este ano, decidiram fazer uma apresentação geral sobre  como será a peregrinação, incluindo o seu custo que é de  4 milhões de francos CFA, menos  225 mil francos cfa que o custo do  ano anterior ,o preço  que segundo disse, pode variar em função de como cada peregrino quer viajar e onde quer morar ,tudo será tarifado conforme o desejo da pessoa interessada.

Segundo explicou Cassamá, este ano querem que os peregrinos se deslocassem  do país, no dia 26 de Maio para regressar  no dia 11 de Junho .

Disse que vão  alterar a rota para facilitar os peregrinos ,uma vez que vão iniciar na cidade de Medina e depois para Meca de onde partirão para Bissau depois do evento.

“E este ano queremos atingir o número dado à Guiné-Bissau, desde 1974, que é de 751 lugares ,mas já pedimos o aumento deste número.  Esperamos atingir esse  número oficial  com os cidadãos que virão da diáspora , África e Europa através da  Gâmbia e de Bruxelas “,explicou.

Cassamá salientou que a data limite para entrega das candidaturas não esta definida , mas que  aconselha  os interessados para a  fazerem,  o mais cedo possível ,realçando que graças à novas tecnologias os vistos serão dados internamente .

Por seu turno, o Ministro da Economia, Soares Sambú, ao presidir o ato, recomendou ao alto Comissariado a aprofundar as explicações sobre o transporte, alojamento ,bem como a maneira de usar o mesmo, uma vez que a realidade é diferente entre os dois países.

O governante ainda pediu que seja levado a cabo  um  “bom trabalho” na seleção dos candidatos, uma vez que a peregrinação exige muito da pessoa em termos físicos.

Sambú pediu que sejam dadas garantias de que os peregrinos serão bem tratados, porque  pagam para ir à Meca, tendo aconselhado ao Alto Comissariado a trabalhar diretamente com as companhias de viagens para se evitar de intermediários que, muita das vezes, não cumprem o acordo, e que a viagem seja de voo direto, para minimizar o sofrimento das pessoas.

“Os contratos devem ser feitos com rigor e no caso de não cumprimento deve haver responsabilização. Contudo, sei que não haverá peregrinação onde tudo será mar de rosa. Sempre haverá alguma dificuldade pontual", disse
.ANG/MSC//SG

Eleições/”GTAPE inicia trabalhos preliminares para  arranque de atualização dos cadernos eleitorais”, diz Gabriel Gibril Baldé

Bissau, 10 Fev 25(ANG) – O Diretor-geral do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral(GTAPE), afirmou que a instituição que dirige já está empenhada nos trabalhos preliminares visando o arranque do processo de atualização dos cadernos eleitorais, previstas para 09 de Março do ano em curso.

Em entrevista exclusiva concedida hoje à ANG, Gibril Baldé disse que os trabalhos preliminares englobam conjuntos de ações que devem ser feitas 30 dias antes do início do processo, dentre as quais a organização de equipamentos, carregamento dos computadores, seleção de impressoras, substituição e aquisição de novos materiais entre outras.

O Diretor-geral do GTAPE disse ainda que está em curso a organização das Comissões Setoriais para o início de campanhas de sensibilização que abrangem elementos de sensibilização audiovisual entre outras.

Aquele responsável frisou que, depois de concluída a fase preliminar do processo e de acordo com o anúncio do Governo,  o processo de atualização dos cadernos eleitorais irá arrancar no dia 09 de Março, o GTAPE deve ter todos os equipamentos distribuídos no terreno o mais tardar até ao dia 08 de Março.

 “O problema é que o processo de atualização dos cadernos não devem ultrapassar um ano, tendo em conta que resulta nos estragos de dados do processo anterior porque o número de pessoas que completaram 18 anos e dos que movimentaram irão aumentar”, disse.

Gabriel Gibril Baldé sublinhou que a partir de momento que se concluiu o processo do recenseamento de raiz em 2022, doravante vão passar a fazer apenas a atualização de dados anualmente.

Disse que o processo de atualização dos cadernos eleitorais do ano passado foi iniciado no dia 25 de Março e se do ano em curso vier a arrancar no dia 09 de Março, significa que ainda está dentro do prazo estipulado por lei.

“Como ainda não temos uma data oficial para a realização das eleições, porque fala-se apenas de que pode acontecer em Outubro ou Novembro, isso facilitará as pessoas que irão completar 18 anos antes desse período  para entrarem no processo”, frisou.

Perguntado sobre o  que falhou no processo anterior e que deve ser corrigido este ano, aquele responsável disse que , de facto, tem a ver com questão da comunicação que na sua opinião foi um pouco fraco no início.

“Mas essa falha foi por vontade alheia, mas que foi suprimida  com o decorrer do tempo e  este ano pretendemos, logo na primeira semana, começar a fazer um bom trabalho de comunicação para que as pessoas possam estar cientes do início do processo de atualização”,

Garantiu que a atividade de sensibilização deve iniciar 30 dias antes e vai decorrer até ao fim do processo.

Gabriel Baldé apelou à todos os partidos para enviarem desde já os seus delegados para supervisionarem o processo junto do GTAPE.

Disse que vão ser abrangidos por este processo  de atualização de cadernos eleitorais, as pessoas que perderam cartões de eleitor, as que mudaram de residências, e as que acabam por completar 18 anos.

O processo arranca em todo o território nacional e que quando completar o segundo mês, começa na diáspora. ANG/ÂC//SG

Regiões/Populares de Aldeia de Clatle vivem isolados do sector de Quinhamel

Biombo, 10 Fev 2025 (ANG) -  Os populares de Aldeia de Clatle, no sector de Quinhamel, região de Biombo, norte do país, vivem isolados e com falta de mercado e lojas para compra  de produtos de primeira necessidade.

A informação foi avançada por uma das habitantes da aldeia, Ivone Té, em entrevista ao correspondente da ANG na Região de Biombo.

Ivone  lamenta o facto da aldeia estar com falta de tudo, sobretudo das duas redes de telecomunicação, Orange e MTN atual Telecel, que operam no país, para se comunicarem, disse que  têm que ir debaixo duma árvore à procura  da rede.

Ivone Té disse que a vila não dispõe de uma piroga que assegura a travessia    do rio que liga Quinhamel a referida tabanca, e que as pessoas andam cerca de 20 quilómetros para chegar a estrada principal e que para irem as compras têm que atravessar o rio e comprar produtos de que vão precisar  por muitos dias.

"Temos enormes dificuldades nessa vila, sobretudo com relação a  educação dos nossos filhos que só conseguem estudar até quarto ano de escolaridade e quem tem a possibilidade manda seu filho à Quinhamel, para continuar a estudar até ao 12º ano,"disse.

O professor e igualmente camponês, Joaquim Camilo Lopes lamentou a situação
da aldeia, sublinhando que os professores que são colocados lá para dar aulas não duram muito tempo por causa do isolamento da aldeia, e que de momento só têm dois professores: o próprio Joaquim e seu colega que não mencionou.

Aquele responsável explicou que têm professores na aldeia  graças a sua diligência e da colaboração dos pais e encarregados de educação de alunos e  um senhor de nome  Mário Manuel dos Santos, que os ajudou com zincos para cobrir a escola.

Joaquim Lopes disse que, para evacuar os seus produtos agrícolas até  Quinhamel pagam três  mil francos cfa aos motoristas de  motocarros.

A Vila de Clatle se situa noutra margem do setor de Quinhamel, passando pela praia local. ANG/MN/MI/ÂC//SG  

     

Regiões/Futebol Clube de Canchungo homenageia músico guineense  Charbel Pinto com certificado de Mérito

Canchungo, 10 Fev 25 (ANG) - A Direção do Futebol Clube de Canchungo homenageou no fim-de-semana o músico guineense de renome internacional, Charbel Pinto com certificado de Mérito, devido o  apoio financeiro e alimentício que tem vindo a dar  ao clube  nos últimos anos.

De acordo com o despacho do correspondente da ANG na região de Cacheu, na ocasião, o porta-voz do Futebol Clube de Canchungo, Humberto Tavares contou que, Charbel tem dado o seu apoio sobretudo na época desportiva de ano 2022/2023, altura em que os Lobos de Canchungo foram campeões do Futebol da Iª Divisão.

Tavares felicitou o músico guineense pelos sucessos que tem alcançado na carreira musical e fez-lhe um pedido no sentido de autorizar o Futebol Clube de Canchungo a estampar o seu nome do espaço Cultural “HAWAI”, nas camisolas dos jogadores na época desportiva 2024/2025, e de organização de  um show no Estádio Saco Vaz, num futuro próximo.

“Fazemos este apelo ao Charbel, com intuito de dar oportunidades aos habitantes dos setores de Canchungo, Cacheu, Buba, Calequisse e Caió, para  partilharem os bons momentos com este músico, e igualmente vamos ter a oportunidade de angariar fundos para o nosso  Clube , explicou.

Em resposta, Charbel Pinto expressou a sua satisfação  e gratidão pelo reconhecimento, tendo prometido fazer mais trabalhos para o desenvolvimento da cidade de Canchungo e do seu clube de futebol.

Pinto pediu os filhos e amigos de Canchungo para  reforçarem a união entre si com a finalidade de promover mais força nas contribuições coletivas e individuas que possam incentivar o progresso sustentável daquela zona norte da Guiné-Bissau.

ANG/AG/AALS/ÂC//SG

Desporto/SB Benfica vence FC Canchungo por (0-3) na inauguração do Estádio Saco Vaz

Bissau, 10 Fev 25(ANG) – O Sport Bissau e Benfica deslocou-se no Domingo(09), até a Canchungo e bateu os Lobos Locais por três bolas a zero, numa das partidas que encerraram a quarta jornada da primeira Liga.

Perante um estádio Saco Vaz bem repleto do público, naquilo que foi também a primeira partida disputada nesse terreno depois da sua entrega provisória, após quase três anos de trabalhos de requalificação. A equipa de Canchungo não conseguiu travar as águias que assumiram agora a liderança isolada da prova.

A vitória encarnada começou a ser desenhada logo aos 3 minutos, através de um remate forte de Sadraque Monteiro, na entrada da grande área e a bola só parou no fundo da baliza dos Lobos de Babok.

Com a desvantagem no marcador, pupilos do mister Casaco Dembi não baixaram a linha e subiram fortemente ao lado adversário, criando certas ocasiões de golo, no entanto, não conseguiram até ao fim da primeira parte.

Já no segundo tempo, os encarnados voltaram muito agressivo e aos 61 minutos, ampliaram a vantagem para (0-2), de novo, com assinatura de Sadraque Monteiro, valendo uma assistência fenomenal do recém-entrado Javier Brito.

Sete minutos depois, as águias de Bissau voltaram a faturar com o suspeito da partida, Sadraque Monteiro, desta feita, com ajuda de Edmundo Monteiro, completando o hat-trick e celou dessa forma o placar de contagem.

O SB Benfica assume com este resultado a liderança isolada do campeonato, com 12 pontos e FC Canchungo continua com 7 pontos na tabela classificativa, ao fim da quarta jornada.ANG/Fut245

Justiça/Ministra da Agricultura suspeita de prática de corrupção pelo Ministério Público

Bissau, 10 Fev 25(ANG) - A ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Fatumata Djau Baldé, foi constituída suspeita pelo Ministério Público guineense, na sequência de alegadas práticas de corrupção, denunciadas no início do ano pela juventude do Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), formação política da qual a governante é também alta dirigente.


Segundo um documento do Ministério Publico, elaborado sobre o caso, citado pela rádio  Capital FM, a ministra é suspeita de, entre outros, crimes de administração danosa, de peculato, de branqueamento de capitais e de abuso de poder.

Quem também foi constituído suspeito no mesmo caso é o empresário e antigo ministro da Agricultura, Mama Saliu Lamba, considerado pelo Ministério Público "cúmplice" da atual ministra, nos factos apurados. Lamba é suspeito de crimes de usurpação de funções públicas e de branqueamento de capitais.

Em 3 de Janeiro deste ano, a juventude do PTG acusou Fatumata Djau Baldé de alegadas práticas de corrupção, afirmando que a governante teria ordenado a venda de cinco mil sacos de fertilizantes, do Ministério, inicialmente destinados aos camponeses, e de criar, em colaboração com os seus cúmplices, uma "empresa fictícia" para facilitar "negócios obscuros".

Fonte do Ministério Público disse à CFM que terá sido a própria ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural quem solicitou a investigação da denúncia dos jovens do seu partido.

Aberta a investigação, segundo a  Capital FM, foram ouvidas 14 testemunhas que terão fornecido vários documentos ao Ministério Público e ainda foram realizadas buscas na Direção Regional da Agricultura, em Bafatá, e na alegada empresa fictícia PEGAS, SA, do empresário Mama Saliu Lamba, alegado colaborador da ministra em atos considerados de corrupção.

Documentos sobre a alegada transferência de avultadas somas em dinheiro, documentos sobre uma alegada dívida da empresa de Mama Saliu Lamba para com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, num valor de mais de 61 milhões de Francos CFA, "foram recolhidos pela investigação do Ministério Público", lê-se no documento consultado pela Capital FM.

A fonte do Ministério Público ligada ao processo disse à CFM que o órgão já requereu ao primeiro-ministro Rui Duarte Barros, a audição de Fatumata Djau Baldé.

A Capital FM tentou e sem sucesso contactar os visados para obter a sua reação sobre este caso.ANG/CFM

 

Namíbia/Morte aos 95 anos de Sam Nujoma, "Pai da Independência" da Namíbia

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) -  O primeiro Presidente da Namíbia, Sam Nujoma, faleceu no sábado aos 95 anos de idade, após três semanas de hospitalização.

Considerado um herói da independência namibiana, o antigo chefe da luta armada que se tornou Presidente permaneceu no poder durante quinze anos, com a bandeira da SWAPO, partido de que foi co-fundador em 1960. Ao anunciar a sua morte, a presidência da Namíbia saudou o "pai fundador" do país.

A Namíbia perdeu no fim-de-semana a figura mais marcante da sua história recente, Sam Nujoma, considerado o artesão da independência desse país, que depois de ter estado sob tutela alemã, tinha ficado sob o controlo da África do Sul depois da Primeira Guerra Mundial, até ao ano de 1990.

Nascido A 12 de Maio de 1929 perto de Okahao, no norte do país, no seio de uma família de camponeses, Sam Nujoma foi o mais velho de onze filhos. Ele passou a sua juventude a lavrar a terra e cuidar do gado. Aos 17 anos, ele partiu da sua região e foi estabelecer-se na cidade portuária de Walvis Bay, no oeste.

Aí, ele trabalha nos caminhos-de-ferro e estuda em horário pós-laboral. Aí também ele é confrontado com a discriminação racial decorrente do sistema do Apartheid que então vigorava na Namíbia e na África do Sul, forma-se politicamente e sindicaliza-se.

Em 1960, é cofundador da SWAPO, partido cujas posições anticoloniais o obrigam a exilar-se, deixando atrás dele a esposa e os quatro filhos.

Em 1966, ele lança a luta armada. A guerra de libertação dura 23 anos e causa 20 mil mortos.

De regresso ao país depois da independência em 1990, Sam Nujoma torna-se o primeiro Presidente da Namíbia livre, cargo que ocupa até 2005.

Conhecido pelos seus posicionamentos radicais, ele envidou esforços para unir uma população de dois milhões de habitantes provenientes de uma dezena de etnias diferentes que o Apartheid tinha dividido.

Ele também recusou-se a criar uma comissão para examinar as atrocidades cometidas durante o conflito entre a Swapo e os esquadrões da morte pró-sul-africanos, acabando por integrar essas antigas unidades nas fileiras do exército e da polícia.

Activista anticolonial ferrenho, ele conservou relações diplomáticas com os aliados da luta de libertação, Cuba, o Irão, a Líbia ou ainda a Coreia do Norte. Também apoiou a reforma agrária do vizinho zimbabueano Robert Mugabe, no começo dos anos 2000, que resultou na expropriação dos camponeses brancos e numa severa crise económica.

Mais recentemente, ele tinha-se ilustrado por condenar abertamente a homossexualidade e, também, noutro domínio, por ter considerado "terrivelmente insignificante" a indemnização de um pouco mais de mil milhões de Euros que a Alemanha propôs ao país em 2021, pelo massacre de dezenas de milhares de membros das etnias Hereros e Namas, naquilo que foi o primeiro genocídio do século XX.

Apesar de se ter retirado oficialmente da vida política em 2005 nunca deixou de ser influente.

"O nosso pai fundador viveu uma vida longa e decisiva", foi deste modo que neste fim-de-semana a presidência da Namíbia anunciou a morte de quem a população chamava carinhosamente o "Velho".

Reagindo à notícia, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, saudou quem qualificou de "combatente da liberdade (...) indissociável da nossa própria história de luta", a independência da Namíbia tendo "feito nascer a inevitabilidade da libertação" do Apartheid. O chefe de Estado queniano, William Ruto, também recordou Sam Nujoma, como um político "corajoso e visionário".

Na sua mensagem de condolências, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, também enalteceu um "grande líder", enquanto o seu homólogo angolano recordou Sam Nujoma como alguém que usou todas as suas energias para erguer uma nação “forte” e “democrática”, com bases sólidas no caminho do progresso, da prosperidade e bem-estar do povo namibiano. ANG/RFI

 

Burquina Faso/ Sindicatos acolhem retoma do diálogo com governo após quatro anos de suspensão

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) – As organizações sindicais saudaram  a retomada do diálogo entre o governo e os sindicatos, quatro anos após sua suspensão, uma decisão, segundo eles,  ajuda a promover e fortalecer a paz e a coesão no Burkina Faso.

Segundo o presidente das centrais sindicais, El Hadj Inoussa Nana, a retomada do diálogo governo-sindicato, após quatro anos de suspensão, permite promover a paz e a coesão social no país.

El Hadj Nana, que discursou, sexta-feira, em Ouagadougou, durante a cerimônia de encerramento das atividades de 48 horas, comemorou a retomada das discussões entre o governo e os sindicatos, e diz ser “uma vitrine para encontrar soluções para as preocupações dos trabalhadores e da população burquinense”.

Ele também explicou que esta reunião continua sendo uma oportunidade única para rever todas as questões que dizem respeito ao mundo do trabalho.

"A reunião foi uma oportunidade para revisitarmos todos os pontos sobre os quais não tínhamos respostas", disse ele.

O presidente do mês dos sindicatos especificou que o governo está comprometido em satisfazer um certo número de pontos da plataforma de reivindicações das organizações sindicais.

O Secretário-Geral do Departamento responsável pela Função Pública, Rodrigue Oboulbiga, que leu o comunicado de imprensa final, concentrou-se, entre outras coisas, no estado da implementação dos compromissos de 2015, 2016 e 2021, bem como no exame das respostas do governo à lista de queixas de 1º de maio de 2022.

O Ministro da Função Pública, Mathias Traoré, observou que, das cerca de trinta queixas apresentadas, o Estado se comprometeu a fornecer soluções para 13 das preocupações dos sindicatos.

O Sr. Traoré disse estar satisfeito com as discussões que forneceram respostas a algumas das preocupações do mundo sindical e agradeceu a todos os parceiros sociais pela disponibilidade e pelo comprometimento com os resultados alcançados durante a reunião de dois dias.

"É um diálogo que nos permite examinar as preocupações das organizações sindicais. "Precisamos chegar a pontos de acordo e desacordo", sugeriu o Ministro Traoré.

Segundo ele, o governo trabalhará para encontrar soluções para os pontos não consensuais para o desenvolvimento dos trabalhadores e da população.

O Ministro Traoré também lembrou que o país se encontra em um contexto humanitário e de segurança em que é obrigado a mobilizar recursos suficientes para combater o terrorismo e reativar a atividade econômica.

"Nesses dois contextos amplos, as prioridades devem ser orientadas para ações que levem ao sucesso e ao cumprimento dos compromissos assumidos para restaurar a paz", disse ele.ANG/FAAPA

 

      Cimeira EAC/SADC/ Kigali aplaude declaração, Kinshasa desiludida

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) - A cimeira conjunta EAC/SADC decorreu , sábado(08) na Tanzânia, e terminou com um apelo unânime a um “cessar-fogo imediato e incondicional” e ao fim das hostilidades no leste congolês.

Para o ministro ruandês dos Negócios Estrangeiros, Olivier Nduhungirehe, o encontro representou uma cimeira histórica e um sucesso, uma vez que propôs medidas imediatas, a médio e longo termo, para o restabelecimento da paz e segurança no leste da RDC”.

Em declarações à televisão nacional, o chefe da diplomacia de Kigali mostrou-se satisfeito pelo apelo de cessar-fogo imediato e pelas soluções apresentadas pelos dois blocos que correspondem segundo o ministro à posição defendida por Kigali mesmo antes da cimeira. 

O governo ruandês reclamava nomeadamente a abertura de negociações directas entre o M23 (Movimento 23 de Março) e as autoridades congolesas e as duas organizações regionais, pedem no comunicado final, negociações entre todas as partes do conflito, incluindo com o grupo armado, no quadro dos processos fusionados de Luanda e Nairobi.

Outro motivo para o regozijo do Ruanda reside na ausência de condenação do país pelo seu envolvimento no conflito.

Em Dar es Salam, os dirigentes  da África Oriental e da África Austral limitaram-se a reafirmar o apoio à RDC na luta pela “preservação da sua independência, soberania e integridade territorial" e pediram a elaboração de medidas para a retirada do território congolês das forças armadas estrangeiras não convidadas.

Kinshasa gostaria que EAC e SADC tivessem ido mais longe: “Sabemos que, neste tipo de cimeira, as palavras são cuidadosamente escolhidas. Lamentamos profundamente essa abordagem, porque estamos a falar da vida de milhares de congoleses, palavras de Tina Salama, porta-voz do Presidente da RDC, Félix Tshisekedi.

Trata-se de uma agressão [do Ruanda], que já foi provada e que dura há três décadas. Mas mantemos a esperança, sabemos que as coisas estão a mudar”, acrescentou.

Apesar de decepcionada, em comunicado, a presidência congolesa sublinha que da reunião saíram uma série de decisões importantes que respondem à emergência humanitária” e à “necessidade premente de uma desescalada". 

Desde a queda de Goma, na semana passada, depois de combates sangrentos e da degradação da situação humanitária que já era catastrófica, que o conflito se tem vindo a alastrar da região do Kivu norte para o Kivu sul.

Vários países vizinhos da RDC temem a escalada regional do conflito, caso não cheguem a uma rápida solução diplomática. ANG/RFI

 

     Nigéria/ Febre de Lassa regista 12 mortes e 57 casos em uma semana

Bissau, 10Fev 25 (ANG) -  A Nigéria registrou 57 novos casos de febre de Lassa e 12 mortes em 8 estados durante a semana de 20 a 26 de janeiro.

Cerca de 75% dos casos foram confirmados nos estados de Ondo, Edo e Bauchi, disse o Centro Nigeriano de Controle de Doenças (NCDC) em sua última atualização sobre a febre de Lassa.

O documento revela que a Nigéria acumulou 290 casos e 53 mortes em quatro semanas desde o início do ano atual.

A taxa de letalidade desta doença viral foi de 18,3%, uma ligeira diminuição em comparação com os 18,6% registrados no mesmo período do ano anterior.

A febre de Lassa é uma doença viral hemorrágica aguda que é transmitida aos humanos através do contato com alimentos ou utensílios domésticos contaminados por roedores infectados ou pessoas infectadas. ANG/FAAPA

   

Bélgica/UE não vê "nenhuma justificação" para as tarifas anunciadas por Trump

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) - Reação surge após Donald Trump ter revelado que os Estados Unidos vão impor tarifas de 25% às importações de alumínio e aço a partir desta segunda-feira.

AComissão Europeia não vê "nenhuma justificação" para que os Estados Unidos apliquem tarifas de 25% às importações de alumínio e aço, conforme anunciou o presidente dos EUA no domingo.

"A UE não vê justificação para a imposição de tarifas sobre as suas exportações", lê-se em comunicado. "Reagiremos para proteger os interesses das empresas, trabalhadores e consumidores europeus de medidas injustificadas."

"Não vamos responder a anúncios gerais sem mais pormenores ou esclarecimentos escritos", escreveu a Comissão Europeia num comunicado, sublinhando que vai responder no sentido de proteger os interesses das empresas europeias em caso do que chamou medidas injustificadas.

Antes da difusão do comunicado da Comissão Europeia, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo francês, Jean-Noel Barrot, afirmou que a União Europeia vai retaliar contra as novas tarifas anunciadas por Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio, como fez quando o Washington tomou medidas semelhantes em 2018.

"Vamos retaliar novamente", disse Barrot à estação de televisão TF1 referindo-se à posição da União Europeia quando Donald Trump tomou uma decisão semelhante durante primeiro mandato como chefe de Estado.

"Não há hesitação quando se trata de defender os nossos interesses", disse.

Barrot acrescentou que a Comissão Europeia em 2018 tinha um mandato para agir no sentido da resposta face aos Estados Unidos. 

Hoje, o ministro francês não adiantou pormenores sobre eventuais medidas de retaliação.

Donald Trump revelou que os Estados Unidos vão impor tarifas de 25% às importações de alumínio e aço a partir desta segunda-feira, revelando que anunciará na próxima semana medidas alfandegárias recíprocas para os parceiros comerciais.

"Qualquer aço que entre nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%", disse aos jornalistas no avião presidencial Air Force One, quando voava da Florida para Nova Orleães para assistir à final Super Bowl de futebol americano.

"O alumínio também", respondeu, quando questionado sobre esta matéria, numa medida que abrange os vizinhos México e Canadá.

Trump afirmou ainda que vai anunciar tarifas recíprocas - "provavelmente terça ou quarta-feira" - em relação a produtos que são taxados nos países parceiros. ANG/Lusa

 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Defesa e Segurança/17ª Corporação de polícias e militares prestaram hoje juramento de bandeira

Bissau, 07 Fev 25(ANG) – Um grupo de 3217 elementos da 17ª Corporação  de polícias e militares prestaram hoje o juramento de bandeira, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República no Centro de Instrução Militar de Cumeré, setor de Nhacra, região de Oio, norte do país.

Na ocasião, Umaro Sissoco Embaló disse que foi um prazer voltar a presidir um ato “tão importante da vida da juventude patriótica guineense” que é o juramento da bandeira.

“Começo por dar os parabéns aos jovens que acabaram por jurar a bandeira e que integram o segundo grupo das Forças Mistas da Guarda Nacional, da Polícia da Ordem Pública, dos Serviços de Proteção Civil e dos Militares”, afirmou.

Umaro Sissoco Embaló disse que o juramento da bandeira é um momento solene e de grande significado no percurso de jovens cidadãos, frisando que está com eles para lhes transmitir a sua confiança neles.

“Com mais este passo que estamos a dar, significa que estamos a marchar no caminho certo e a consolidar um dos pilares essenciais na segurança de Estado, em particular da Ordem Pública”, salientou.

O Presidente da República sublinhou  que a segurança é uma função de soberania e um dos fundamentos do Estado e alicerce básico para o exercício das liberdades, direitos e garantias dos cidadãos .

Afirmou que a Ordem Pública é um importante fator da coesão social, do desenvolvimento e da confiança dos cidadãos nas instituições da República.

Disse que nenhum país consegue desenvolver-se na desordem e em caos mas
sim em coesão social. “Vocês são  agentes da Ordem Pública e da coesão social bem como  sentinelas vigilantes na defesa das instituições do Estado”, frisou.

Umaro Sissoco Embaló disse que o juramento da bandeira significa defender os valores consignados na Constituição da República, o que significa respeitar a ordem, hierarquia e a  disciplina, e o respeito das ordens superiores, a subordinação das forças de defesa e segurança às autoridades políticas democraticamente eleitos, de forma a assegurar r um Estado de Direito Democrático.

A cerimónia de juramento de bandeira é assistida, não só por membros do Governo e outras entidades oficias e diplomáticas, mas, em grande número, por familiares dos  militares e paramilitares envolvidos. ANG/ÂC//SG

 

Comunicação Social/Ministério  e Unicef acordam novo Plano Bienal de Trabalho que prevê investimentos de cerca de 500 milhões de fcfa

Bissau, 07     Fev 25 (ANG) - O Ministério da Comunicação Social(MCS) e o Unicef adotaram esta sexta-feira, em Bissau, novo plano de trabalho para o período 2025/2026 que prevê investimentos de cerca de 500 milhões de fcfa.

O Plano Anual de Trabalho  para o efeito foi assinado esta sexta-feira numa cerimónia decorrida no Ministério da Comunicação Social, no Palácio do Governo, em Bissau.

Da parte do MCS, assinou o titular da pasta, Florentino Fernando Dias e da parte do Unicef, o representante residente desta agência da ONU, Inoussa Kabore.

Segundo Florentino Dias, trata-se de um plano multifacetado que prevê a planificação e sensibilização, passando pela formação, com vista ao reforço de capacidade dos autores chaves.

Dias acrescentou que está prevista a formação de assessores de imprensa e de comunicadores das rádios comunitárias.

Sublinhou  que o Centro Nacional de Comunicação Social Educativa e Formação Multimédia, que é fruto de experiências em trabalhos de  advocacia e comunicação para mudança de comportamento tem sido instrumento de exposição do Fundo.

"O Centro de Formação Educativa e Multimédia vai ancorando-se na sua vasta experiência para assegurar um fiel cumprimento dos termos do Plano ora assinado, observando os mais elementares princípios da boa gestão e de prestação de contas”, frisou.

Florentino Dias realçou na ocasião a relação das Nações Unidas com  o Estado da Guiné-Bissau, em curso desde  o período da independência, e disse que o Fundo para Infância  tem contribuído, cada vez mais, para a elaboração da proteção e qualidade de vida das crianças e respetivos famílias.

O representante residente do Unicef na Guiné-Bissau, Inoussa Kabore assinalou o termino do  plano que cobria o período 2022 à 2024 e diz que  agora vão para o plano para 2025 e 2026, que vai contar com vários componentes, nomeadamente mundaça de comportamento , comunicação e advocacia.

Em relação a  mudança de comportamento, Kabore disse que para este ano estão previstos investimentos no valor de 300 milhões de fcfa, contra os 152 dos anos 2022-2024, e que para a comunicação estão previstos investimentos na ordem de  150 milhões de fcfa.

"Estamos a fazer este trabalho para que possa ter um impacto, não só a nível do Ministério, mas também a nível da população e dos jornalistas que são parceiros de desenvolvimento”, disse o representante
do UNICEF. ANG/MI/ÂC//SG

Política/Governo aprova Dados Preliminares de execução Orçamental de 2024

Bissau, 07 Fev 25(ANG) - O Governo aprovou, quinta-feira, em Conselho de Ministros, os Dados Preliminares de execução Orçamental 2024.

A informação consta no comunicado da reunião do Conselho de Ministros, à que a ANG teve acesso hoje.

No documento, o colectivo governamental recomendou ao Ministério das Finanças  a melhoria da arrecadação das receitas, elevação do nível de pressão fiscal e  uma melhor racionalização das despesas  do Estado.

Ainda na parte deliberativa o Executivo concedeu a nacionalidade guineense, por naturalização, aos indivíduos  a seguir  indicados: Fabien Antony, Imad Uddin Muhammad, Joyce Goodson Theodore, Lanette Nichole Braxton, Queen Donnita Michele e Rosemary Goodson Mccraney.ANG/JD/ÂC//SD

 

     RDC/Conflito no leste  junta líderes internacionais em várias reuniões

Bissau, 07 Fev 25 (ANG) - As atenções internacionais estão voltadas, esta sexta-feira, para o conflito no leste da República Democrática do Congo.

Em Genebra, na Suíça, a pedido de Kinshasa, há Conselho de Direitos Humanos da ONU para se decidir sobre o arranque de uma investigação a crimes no país.

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, a Comunidade da África Oriental e a Comunidade Económica dos Estados da África Central também se vão reunir para tentar encontrar soluções.

Os esforços multiplicam-se no campo diplomático perante os receios de escalada do conflito no leste da República Democrática do Congo.

Em Dar es Salaam, na Tanzânia, reúnem-se, hoje e amanhã, os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Comunidade da África Oriental (EAC) e, este sábado, são esperados os Presidentes da República Democrática do Congo,Félix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagamé.

Em Malabo, na Guiné-Equatorial, o mesmo tema vai ser o destaque, esta sexta-feira, da cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).

Em Genebra, na Suíça, os 47 países-membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU juntam-se, a pedido de Kinshasa, para decidir se enviam uma missão para investigar crimes no leste da RDC. Na abertura, esta manhã, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse que “se nada for feito, o pior estará para vir para os habitantes do leste” do país.

Declaração feita um dia depois de o secretário-geral d ONU, António Guterres, ter pedido para se calarem as armas, se parar a escalada da guerra e se respeitar a soberania e a integridade territorial da República Democrática do Congo.

Silenciem as armas ! Párem a escalada ! Respeite-se a soberania e a integridade territorial da República Democrática do Congo. Defenda-se o direito internacional em matéria de direitos humanos e o direito internacional humanitário. Não há solução militar. É tempo de todos os signatários do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a RDC e a região honrarem os seus compromissos. Chegou a hora da mediação. É tempo de pôr fim a esta crise. Chegou a hora da paz. O que está em jogo é demasiado elevado e precisamos do papel activo e construtivo de todos os intervenientes.

A reunião extraordinária é realizada a pedido de Kinshasa, com o apoio de cerca de 30 países-membros do Conselho, nomeadamente a Bélgica e a França, para examinar a crise no leste da RDC, onde o grupo armado M23, com o apoio do Ruanda, tomou, na semana passada, o controlo da cidade de Goma.

A RDC apresentou inclusivamente um projecto de resolução que espera ver aprovado, no qual se “condena de forma firme o apoio militar e logístico das Forças de Defesa do Ruanda ao grupo armado M23”, “pede ao M23 e ao Ruanda para pararem imediatamente com as violações dos direitos humanos” e prevê “com urgência uma missão independente para estudar as graves violações e ataques aos direitos humanos e graves violações do direito humanitário cometidas nas províncias do Norte e Sul Kivu”.

No terreno, na quarta-feira, o M23 e as tropas ruandesas lançaram uma nova ofensiva e tomaram o controlo da cidade de Nyabibwe, a cerca de 100 quilómetros de Bukavu, rompendo com o próprio cessar-fogo unilateral que tinham implementado um dia antes.  Na quinta, fontes humanitárias e locais afirmaram que as forças congolesas se estavam a preparar para um ataque à vila de Kuvamu, que abriga o aeroporto provincial e que fica a 30 quilómetros de Bukavu, a capital provincial de Kivu Sul.

Também esta quinta-feira, o M23 disse querer “libertar toda a RDC", na primeira reunião pública em Goma, a cidade cuja conquista resultou na morte de, pelo menos, 2.900 pessoas, de acordo com as Nações Unidas. ANG/RFI

       Irão/Nobel da Paz diz que prisão valeu a pena pela liberdade do Irão

Bissau, 07 Fev 25 (ANG)  - A vencedora iraniana do Nobel da Paz, Narges Mohammadi, que passou mais de uma década presa e não vê os filhos há 10 anos, disse hoje que tudo valeu a pena em nome da liberdade no Irão.

pesar de ter sido detida 13 vezes, condenada nove e de ter passado meses em celas do tamanho de um "túmulo", ativista garantiu, em entrevista à agência espanhola de notícias Efe, que o mais importante é a "azadi" (liberdade em persa) dos iranianos.

"Liberdade para as mulheres e para todos os iranianos, liberdade de imposições políticas e liberdade para além das "ideias, pensamentos, raça, etnia e língua" de cada indivíduo, explicou a ativista de 52 anos.

"Isto é tão importante para mim que acho que estou disposta a pagar um preço ainda mais elevado", admitiu.

A entrevista decorreu por videoconferência, a partir da sua casa em Teerão, já que Mohammadi saiu da prisão em novembro, com uma licença de 21 dias para tratar da remoção de um tumor da sua perna.

No entanto, e embora o prazo da suspensão da pena já tenha acabado, a ativista não voltou à prisão.

"Não acho que deva estar presa e não voltarei à prisão", assegurou, explicando que os seus advogados pediram uma prorrogação da sua licença, à qual o Ministério Público não respondeu.

Desde 2001 esteve presa várias vezes na temível prisão de Evin, onde passou 10 anos e onde foi sujeita a espancamentos, além de ter passado quatro meses em celas de confinamento solitário do tamanho de "um túmulo".

Tem ainda mais uma década de prisão pela frente pelo seu ativismo pela democracia e contra a repressão das mulheres e a pena de morte.

Os esforços dos 'ayatollah' para a silenciar foram, no entanto, em vão: quando foi libertada, em dezembro, gritou "olá, liberdade" e "mulher, vida, liberdade" -- o 'slogan' dos protestos de 2022 -- e, desde que saiu da prisão, continua o seu ativismo com mensagens nas redes sociais, entrevistas e participações, de forma remota, em fóruns internacionais.

"Pode haver mais acusações contra mim por causa de tudo isto, mas não me importo nada", garantiu.

Este ativismo "indomável", tal como definido pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2023 "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos e da liberdade para todos".

O prémio aumentou a sua visibilidade pública e a da sua causa, mas causou mais pressão por parte das autoridades iranianas: o seu telefone foi cortado, não foi autorizada a comparecer ao funeral do pai e foi-lhe negado atendimento médico durante meses, referiu.

Ainda assim, Narges Mohammadi reconhece que o preço mais elevado que pagou foi "perder" os seus filhos gémeos, de 18 anos, Ali e Kiana, que não vê há uma década e que receberam o Prémio Nobel em seu nome, mas acredita que "também os seus corações batem pelo seu país, pelos seus compatriotas e para alcançar os ideais" que têm em comum e que, por isso, compreendem a situação.

Mohammadi acredita também que não é a única disposta a pagar um preço pela liberdade no Irão e aponta as mulheres que correm o risco de ser alvo de multas ou de ser presas por não usarem o véu islâmico, algo que se tornou um gesto de desobediência civil desde a morte de Mahsa Amini, em 2022, depois de ter sido presa por não usar o 'hijab' corretamente.

Para a ativista, a imposição do véu é mais uma questão política do que religiosa, através do qual "é mantido o domínio" de metade da população para o estender aos restantes.

O Governo diz que já não pune as mulheres que não se cobrem, o que a ativista vê como uma vitória para as mulheres iranianas.

"O facto de vermos mulheres na rua sem véu não é resultado da vontade do regime, é por vontade nossa, das mulheres", sublinhou, dando como exemplo a forma como os protestos pela "vida, mulheres, liberdade" continuam vivos, embora já não como manifestações.

"Estamos dispostas a pagar um preço, a pagar preços mais elevados para alcançar a liberdade", concluiu. ANG/Lusa