segunda-feira, 8 de julho de 2024

França/Attal assegura governação enquanto a França continua à espera do seu sucessor

Bissau, 08 Jul 24 (ANG) - A França continua na incerteza quanto ao seu futuro em termos de governação, depois da vitória da esquerda domingo na segunda volta das legislativas mas sem maioria absoluta, o campo presidencial tendo ficado em segundo lugar e a extrema-direita em terceira posição.


Nesta segunda-feira, o chefe do governo, Gabriel Attal, entregou a sua demissão a Emmanuel Macron. Contudo, segundo a presidência, este último pediu-lhe para permanecer no cargo "por enquanto, para garantir a estabilidade do país". 

Segundo os resultados comunicados pelo Ministério do Interior, a coligação da esquerda, a Nova Frente Popular, alcançou 182 lugares, longe da fasquia dos 289 deputados que lhe daria a maioria absoluta, seguida pelo bloco central do Presidente que obteve 168 assentos, enquanto a extrema-direita obteve 143 mandatos.

Neste contexto, a clarificação invocada pelo Presidente Macron para dissolver o parlamento há um mês, não está a acontecer para já. O Presidente do Senado, o Republicano Gérard Larcher, acusou ainda esta manhã Emmanuel Macron de ter "mergulhado o país numa instabilidade política que prejudica gravemente a França".

O Presidente que parte amanhã rumo a Washington para participar numa cimeira da NATO, diz que aguarda a "estruturação" da nova Assembleia "para tomar as decisões necessárias", Emmanuel Macron tendo recusado "por enquanto" a demissão esta manhã de Gabriel Attal do cargo de Primeiro-ministro, em nome da "estabilidade do país".

Reeleito ontem à noite no seu círculo eleitoral, nas imediações de Paris, Attal levou o seu campo até ao segundo lugar, evitando os resultados catastróficos antecipados ainda há dias pelas sondagens. O chefe do governo cessante, contudo, não deixou de assumir a derrota ontem à noite.

"A formação política que representei nesta campanha não obteve uma maioria. E isto embora tivesse alcançado cifras três vezes acima do que tinham anunciado as previsões nas últimas semanas. Nenhuma maioria absoluta emergiu. Assim sendo assumirei as minhas funções o tempo que o dever mo exigir. Não poderia ser de outra forma, na véspera de datas tão importantes para o nosso país", declarou Gabriel Attal.

Derrotados, também e sobretudo, foram os candidatos da União Nacional que ficou em terceiro lugar. Mas essa não é uma derrota completa, dado que a extrema-direita passou de 89 eleitos em 2022 para 143 nestas legislativas. Um pormenor que não deixou de sublinhar ontem à noite o líder do partido, Jordan Bardella, que ainda há dias era dado como putativo vencedor. "A dinâmica que encarna a União Nacional permite-lhe duplicar o respectivo número de deputados e coloca-a a mais de 45% dos votos em muitíssimos círculos eleitorais de França. Tais são os elementos da nossa vitória próxima, é agora que tudo começa!", disse Bardella ao denunciar a "aliança contranatura" e "desonrosa" entre a esquerda e o centro nestas eleições.

Entretanto, a "barragem republicana" que derrotou ontem a extrema-direita já pertence ao passado. No campo presidencial, onde tem havido negociações desde ontem, aposta-se na possível formação de um governo de coligação, algumas vozes no seio do partido de Macron apostando abertamente na divisão da esquerda e na exclusão da França Insubmissa, partido que juntamente com os socialistas obteve mais mandatos no seio da Nova Frente Popular. No seu discurso de vitória ontem, Jean-Luc Mélenchon, líder dos insubmissos, declarou que a chefia do futuro governo deve recair sobre o bloco de esquerda.

"O presidente tem o poder e também tem o dever de confiar o governo à Nova frente popular! Nós estamos prontos. A Nova Frente Popular aplicará o seu programa, apenas o seu programa mas a integralidade do seu programa!", disse ontem o líder da LFI.

Esta manhã, ao considerar que "existem muitos perfis na esquerda que preenchem os critérios para se tornarem chefes de governo", a dirigente dos ecologistas Marine Tondelier considerou que Emmanuel Macron deveria pedir hoje à esquerda que "lhe transmita um nome de primeiro-ministro". Já do lado socialista, onde se tem vincado a necessidade de encontrar uma figura de consenso, o líder do partido, Olivier Faure, disse "esperar que a esquerda consiga apresentar uma proposta de nome durante esta semana". ANG/RFI

 

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