Suíça/Cruz Vermelha Internacional pede aos Estados que respeitem limites da guerra
Bissau, 12 Ago 24 (ANG) – A Cruz Vermelha internacional pediu hoje que os Estados se comprometam a respeitar as regras que impõem limites nas guerras, face às contínuas violações das Convenções de Genebra que, atualmente, existem em 120 conflitos em todo o mundo.
A presidente do Comité
Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Mirjana Spoljaric, fez o apelo numa
conferência de imprensa destinada a assinalar o dia em que as Convenções de
Genebra – conjunto de regras que se aplicam nos conflitos armados para proteger
os civis e os prisioneiros de guerra – completam 75 anos.
O aniversário coincide
com a ocorrência atual de 120 conflitos armados em todo o mundo, o que reflete
um aumento exponencial das guerras no último quarto de século, em comparação
com cerca de 20 conflitos em 1999.
A organização voltou a
insistir que é alarmante o desprezo de alguns Estados pelas regras de guerra
que eles próprios se comprometeram a respeitar, sendo uma das táticas mais
frequentes a "desumanização" do inimigo.
Lembrou que, além das
guerras mais mediáticas na Ucrânia e em Gaza, há uma multiplicidade de outros
conflitos, como os da Colômbia, Mali, República Centro-Africana, Myanmar
(ex-Birmânia), Síria e Iémen.
Em África, o conflito
mais grave, que praticamente caiu no esquecimento internacional, é o do Sudão,
onde o direito internacional humanitário tem sido repetidamente violado
"porque é dada prioridade aos avanços militares, em detrimento da vida
humana", denunciou Spoljaric.
As Convenções de
Genebra, acordadas em 1949, proíbem, entre outros crimes, a tortura e a
violência sexual e obrigam as partes signatárias a tratar os detidos com
humanidade.
Spoljaric propôs que,
para reduzir o sofrimento causado pela guerra, é necessário melhorar a
prestação de ajuda humanitária às populações nas zonas de conflito.
Nesse sentido, advertiu
que a utilização livre e não regulamentada das novas tecnologias de guerra pode
exacerbar o impacto dos conflitos sobre os civis e aumentar as violações do
direito internacional humanitário.
"A utilização de
novas tecnologias pode exacerbar estas tendências perigosas. Se os algoritmos
forem treinados com regras de empenhamento permissivas, as baixas civis
aumentarão", disse a presidente do CICV.
Segundo as observações
dos peritos da agência, as armas autónomas podem funcionar com pouca contenção
se não forem estabelecidos novos limites legais que as impeçam de tomar
decisões de vida ou de morte sem supervisão humana.
Spoljaric afirmou que as
novas tecnologias têm um "enorme potencial destrutivo" se a
inteligência artificial e os algoritmos não forem controlados quando utilizados
em operações militares.
As instituições
responsáveis devem garantir que as armas mais sofisticadas estão "sob
algum grau de controlo humano" quando são apontadas a alvos ou pessoas.
Certas armas, sublinhou,
deveriam ser proibidas porque "a sua capacidade destrutiva ultrapassa o
controlo humano".
A chefe do CICV recordou
que a inteligência artificial tem os meios para acelerar a tomada de decisões
até um ponto que ultrapassa a capacidade cognitiva de um indivíduo ou de um
grupo de indivíduos. ANG/Lusa
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